A última fase da viagem terminou há poucos dias e foi Borschberg quem pilotou o avião durante cinco dias do Japão até ao Havai. Esta etapa acabou por danificar de forma irreparável as baterias e o avião ficará mesmo no hangar do aeroporto no Havai até que sejam instaladas novas. O conjunto de baterias pesa mais de 940 quilos e só será substituído em abril de 2016. Os mentores deste projeto recusam aceitar que isto seja um fracasso. «Um obstáculo ou um percalço é a palavra certa. Não é um falhanço», disse Piccard citado pela Wired.
A planificação desta viagem demorou mais de dez anos e o objetivo é percorrer todo o mundo, em várias etapas, a bordo de um avião movido unicamente com energia solar. A aventura começou a 9 de março em Abu Dhabi e correu tudo bem quando se tentava fazer um trajeto China-Honolulu. O mau tempo obrigou, no final de maio, o avião a descer em Nagoya. A viagem foi retomada a 28 de junho e Borschberg aterrou no Havai a 3 de julho, batendo o recorde de distância percorrida por um avião solar.
A estratégia usada para preservar as baterias foi o que acabou por danificá-las, conclui-se agora. O avião só tem espaço para uma pessoa e os dois mentores alternavam-se na posição de piloto. De dia, circulavam a 28 mil pés e de noite baixavam para os cinco mil pés e tiravam o “pé do acelerador”. Em Nagoya, os dois homens prepararam um voo de testes onde subiam rapidamente e desciam de forma brusca para testar os travões. Como tudo funcionou bem, o voo para o Havai foi iniciado. No entanto, passando pelo ponto que lhe permitia voltar para o Japão, foi identificado um problema nas baterias que estavam a sobreaquecer. Em pleno voo e sem possibilidade de retorno, o piloto não tinha forma de arrefecer as baterias para as estabilizar. O fato de as terem sobrecarregado de trabalho acabou por fritá-las mesmo. A solução passa agora por substituir todo o kit, o que só será possível em 2016.