iONE-FP7 é um projeto europeu que tem em vista criar uma solução eletrónica para os casos em que a espinal medula foi seccionada e não pode fazer chegar as “instruções” enviadas pelo cérebro para os membros. No consórcio que reúne empresas e universidades europeias, figura o Instituto de Telecomunicações do Algarve, que assumiu a missão de montagem e dos testes dos componentes que poderão abrir caminho a uma nova forma de tratamento de pessoas que sofrem de paralisia dos membros devido a danos na espinal medula.
Henrique Gomes, um dos investigadores do IT do Algarve, prefere ser cauteloso. «Por enquanto, pretendemos apenas testar a solução em ratinhos. Não queremos criar falsas expectativas e por isso preferimos não avançar com uma previsão sobre a data em que este produto estará disponível para humanos», refere o investigador quado inquirido num dos stands de startups que marcaram presença no Congresso das Comunicações.
Os componentes desenvolvidos nos laboratórios do Algarve têm três características diferenciadoras: são biocompatíveis, são biodegradáveis e vão poder libertar medicamentos e neurotransmissores automaticamente ou através de instruções enviadas através de um computador.
Ana Mestre, uma das investigadoras do IT Algarve que participa no projeto, recorda que os componentes foram desenhados para serem absorvidos pelo corpo humano, assim que são implantados junto à espinal medula. «À medida que a espinal medula cresce vai degradando e absorvendo os componentes implantados», acrescenta a investigadora, ilustrando a regeneração que leva a espinal medula a ocupar o espaço e as funções ocupadas pelos implantes.
Os investigadores do IT Algarve acreditam que o processo de absorção dos componentes e de regeneração da espinal medula possa demorar um mês, mas lembram que essa regeneração não deve ser confundida com a recuperação da capacidade de andar em pessoas que têm as pernas paralisadas. «A recuperação da capacidade de andar depende de cada paciente, se é necessária ou não uma reaprendizagem, entre outros fatores», lembra Henrique Gomes.