O Concorde já tinha quebrado a barreira do som e conseguia voar a velocidades Mach 2, ou seja, a 2180 km/h. No entanto, para conseguir este feito, o avião emitia um ruído explosivo que podia quebrar janelas, assustar animais de estimação e gado, e levar a vários tipos de destruição de propriedade no solo, pelo que as tentativas de aviação comercial a estas velocidades foram proibidas pelos reguladores. Agora, a Boom Supersonic revela ter conseguido um voo a quebrar a barreira do som e com a vantagem de não ter produzido o chamado ‘sonic boom’ (choque sónico ou estrondo sónico, em tradução livre) percetível a partir do solo.
Em março de 2024, o XB-1 cruzou os céus pela primeira vez. Depois, em outubro, surgiu a promessa de se atingirem velocidades supersónicas. Agora, há duas semanas, a empresa fez um voo a velocidades de 1,22 Mach, ou seja, quase 1500 km/h. Durante este voo, foram colocados microfones no solo para detetar o ruído e confirmou-se que o ‘estoiro’ característico não foi ouvido. O XB-1 conseguiu quebrar a barreira do som três vezes neste trajeto, com o diretor executivo Blake Scholl a congratular-se: “Isto confirma as nossas crenças: viagens supersónicas podem ser baratas, sustentáveis e confortáveis para quem está a bordo e para quem está no solo”, cita o New Atlas.
A Boom Supersonic quer desenvolver um novo avião para fins comerciais, o Overture, com base nestes conhecimentos e vai usar um sistema de propulsão proprietário, o Symphony, para atingir estas velocidades silenciosamente.
A escolha do design e do hardware permite que o XB-1 consiga quebrar a barreira do som quando está acima dos 30 mil pés (9144 metros) de altitude. É nesta altitude que ocorre um fenómeno, graças às mudanças na densidade do ar e temperatura, conhecido por Mach cutoff, ou seja, no qual a onda de choque produzida pelo voo ‘ressalta’ e dissipa-se na atmosfera.
A tecnologia atual, nomeadamente os controlos de voo automatizados, a modelação atmosférica e os motores mais eficientes, permite que empresas como a NASA, a Lockheed e a Boom façam um uso prático e desenvolvam aviões mais silenciosos, mais rápidos e mais sustentáveis.
A Boom Supersonic já tem 130 unidades do Overture encomendadas pela Japan Airlines, pela United Airlines e pela American Airlines. A empresa espera produzir 66 aviões anualmente a partir da Overture Superfactory, nos EUA.