O que acaba de ouvir são os primeiros sinais enviados, a partir do Espaço, pelo ISTSat-1. Segundo a nota de imprensa do IST, o satélite de pequenas dimensões já comunicou o beacon (um sinal mais forte, mais fácil de captar em Terra, mas com menos informação) e também as primeiras telemetrias (informações mais detalhadas sobre o seu funcionamento e posicionamento). A equipa diz que ainda está a tentar perceber o estado de ‘saúde’ do satélite, juntamente com a ajuda de radioamadores.
Isto porque o envio dos sinais pelo satélite é feito em canal aberto, podendo ser captados por radioamadores de todo o mundo. No entanto, existe um canal de comunicação específico e que apenas a estação-terra situada no IST do Taguspark, em Oeiras, pode usar para enviar comandos ou retirar informação mais detalhada sobre a missão.
O satélite, que seguiu a bordo do voo inaugural do foguetão Ariane 6, está neste momento a 580 km de distância da Terra, o que é considerada uma órbita baixa.
O ISTSat-1 foi desenvolvido integralmente por estudantes e professores do Técnico. Este pequeno cubo, com arestas com 10 centímetros, terá como missão testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas e que não são visíveis da Terra, sendo visíveis apenas através de uma vista do Espaço.
Em entrevista à Exame Informática no início da semana, antes do lançamento, Carlos Fernandes, investigador do IST NanoSatLab, explicava que o ISTSat-1 se enquadra na categoria dos NanoSats ou CubeSats – uma categoria que se foi tornando cada vez mais popular com a mudança do paradigma dos satélites. “Há cerca de uma década, o paradigma dos satélites mudou”, detalha. “Nós estávamos habituados a satélites muito grandes – com um peso enorme, do tamanho de autocarros, e que eram lançados por empresas muito grandes. (…) [Agora] Passou-se para uma outra filosofia em que os satélites passam a ser mais pequenos – podem ser até do tamanho de uma caixa de fósforos – mas com funções mais específicas, mais reduzidas ou mais limitadas”.
Ao todo, espera-se que o satélite permaneça no Espaço por cerca de cinco anos e, após cumprir as suas funções, será desativado, voltando a reentrar na Terra, onde arderá durante o processo de entrada na atmosfera.
Veja, na fotogaleria em baixo, com maior detalhe o satélite português desenvolvido no Instituto Superior Técnico.