Por estes dias, revolução é uma palavra usada em vários contextos. Fala-se dela a propósito da Inteligência Artificial e do seu impacto transversal, da medicina personalizada que nos trará muitos e bons anos de vida, da alimentação à base de comida feita em laboratório. E é também esta palavra que aparece na capa do relatório produzido por um grupo de consultores sobre o futuro da exploração espacial, humana e robótica na Europa. De acordo com os peritos (ex-governantes, professores universitários, escritores e até um jornalista), encontramo-nos num ponto crucial da história europeia, enquanto o setor do espaço a passar por “uma revolução comparável ao crescimento da Internet há vinte anos”, com previsível impacto em todos os domínios da vida.
Dito assim pode parecer exagerado. Mas se pensarmos no potencial de transferência de tecnologia para áreas como a agricultura ou a saúde, nos materiais e na energia e ainda nos empregos gerados, começa a fazer sentido. Principalmente se juntarmos números, com muitos zeros. De acordo com estimativas da NASA o retorno económico do programa de exploração Lua-Marte é de cerca de vinte mil milhões de euros, com capacidade para gerar 93 mil empregos. Sendo que em 2021 a indústria especial global incluía já dez mil empresas privadas, cinco mil grandes investidores e 130 organizações estatais, lê-se num relatório do think tank americano, Brookings. Publicado em março deste ano, o documento defende que a exploração espacial está a alimentar a Quarta Revolução Industrial (outra vez aquela palavra!).