O ano arrancou revestido de volatilidade económica, de instabilidade geopolítica e das já habituais interrupções no supply chain, continuando a forçar as organizações a adaptarem-se à medida que as prioridades vão mudando.
Novas tecnologias chegam diariamente ao mercado, os consumidores são cada vez mais exigentes quanto às suas experiências com as marcas, e como se toda esta dinâmica não bastasse, mantém-se a escassez de talento no sector. É, portanto, indispensável que as organizações e consequentemente os seus líderes tecnológicos estejam cada vez mais atentos às tendências e aos desafios de mercado, nomeadamente:
A NECESSIDADE CONTÍNUA DE TRANSFORMAÇÃO E A VISÃO DE SUSTENTABILIDADE
No período pré-pandemia os processos de transformação digital ocorriam de forma incisiva e num horizonte temporal “confortável”. Atualmente, e na sequência de todo o esforço de digitalização que as organizações imprimiram, acabam por estar lançadas as bases para transformações mais avançadas e oportunidades de continuidade. Ou seja, acaba por haver não apenas uma maior noção de que tudo está interligado no negócio, mas também uma pressão e foco para que a transformação seja mais “transversal e sustentável”. A tecnologia e a inovação, quando alinhadas com as prioridades empresariais, poderão de
facto conduzir a ganhos de eficiência e a redução de custos de diversas ordens.
EXPERIÊNCIA DO CLIENTE
Embora a experiência do cliente não seja responsabilidade exclusiva dos CIOs, estes precisam, em geral, de promover uma maior integração da Customer Experience (cx) nos produtos de IT, tratando o tema como uma prioridade multifuncional. Os níveis de intermediação entre o cliente e o IT precisam de ser reduzidos, para que o desenvolvimento de produtos e serviços das organizações seja cada vez mais ágil e verdadeiramente centrado no utilizador.
O AUMENTO DO CIBERCRIME
Segundo o estudo ‘2022 CIO Leadership Perspectives’ da Gartner, as estratégias de cibersegurança aparecem como a prioridade número um dos CIOs, pois o aumento do cibercrime continuará a ser uma ameaça primordial para organizações de todas dimensões. No entanto, com a recessão iminente e a subsequente turbulência económica, muitas empresas serão tentadas a apertar o cinto e a cortar orçamentos para esta área, expondo-se assim como alvos fáceis. O desafio da cibersegurança em 2023 será manter e melhorar a defesa cibernética, assegurando ao mesmo tempo uma abordagem rentável. A chave é a eficiência, que envolve simplificação.
A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO CORRETA DOS DADOS
A segunda maior prioridade dos CIOs, de acordo com o mesmo estudo, é a análise de dados e a forma como o correto avanço na sua utilização organizacional será a chave para a concretização de vários objetivos corporativos. Atualmente não chega medir os KPIs, é necessário averiguar e medir que outros tipos de dados gerados pelo negócio são cruciais, para potenciar otimizações e testes de hipóteses que conduzam à tão desejada inovação.
ESTRATÉGIAS CLOUD E MODELOS BASEADOS EM CONSUMO
Atualmente existem muito poucas estratégias tecnológicas que não contemplem a cloud. O estudo ‘Pulse 2022’ da PwC refere que 54% das organizações já estão a investir em cloud, e que 35% estão a migrar de data centres convencionais para a cloud. Esta transição é uma forma comumente utilizada para a “otimização de budgets”, pois representa uma despesa operacional que poderá ser ajustada conforme a necessidade da organização. Encontrar um bom parceiro de Managed Services será fundamental para apoiar a jornada de transição para a cloud, ajudando as organizações a otimizar performance, ROI e a obterem uma fundação que permita escalabilidade, eficiência de custos e um blueprint para a inovação contínua.
GEOPOLÍTICA DIGITAL E AS DIFICULDADES NO SUPPLY CHAIN
Ao mesmo tempo que os CIOs avançam para a cloud e promovem uma utilização mais evoluída dos dados corporativos, um número crescente de executivos depara-se com novas políticas e regras governamentais que afetam ambas as áreas. A Gartner alerta inclusivamente para o crescimento do nacionalismo, mudanças de poder cultural e instabilidade como pontos de alerta para os boards das organizações. Alguns acontecimentos como, por exemplo, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e recentes diretrizes acabam por fazer com que os CIOs alterem partes das suas estratégias, movendo stacks tecnológicos para diferentes regiões, tendo obviamente em conta as “linhas ocidente-oriente”.
As dificuldades ao nível do supply chain integram outra porção das preocupações geopolíticas, com alguns fabricantes a preverem que a escassez de componentes tecnológicos se mantenha até 2024. Esta situação faz com que as organizações, tanto quanto possível, tenham de ser flexíveis na aceitação dos equipamentos que estejam disponíveis e aos preços do mercado.
A DISPUTA PELO TALENTO EM IT
As empresas tecnológicas há muito que enfrentaram dificuldades para reter e recrutar recursos, pois simplesmente há mais oferta do que pessoas qualificadas. E esta escassez de talentos tornou o recrutamento mais competitivo do que nunca. Os candidatos têm agora a vantagem de procurar organizações (tanto local, como globalmente) que ofereçam melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, trabalho flexível e melhor remuneração. As organizações vêem-se agora pressionadas para desenvolver talentos internos, reconverter colaboradores e também subcontratar IT Solutions Providers/MSPs que disponibilizem recursos para algumas funções específicas.
REDUÇÃO DE BUDGETS E COMO ULTRAPASSAR A INCERTEZA
Os CIOs reconhecem que o IT sempre esteve encarregue de encontrar formas de utilizar a tecnologia para reduzir custos e aumentar a produtividade, mas também indicam que o foco nessa tarefa varia de acordo com o panorama económico geral. A inflação e a antevisão de uma possível recessão levam os líderes organizacionais a repensar prioridades, budgets e em muitos casos a tomar medidas imediatas de contenção.
Continuam, contudo, a existir oportunidades para que as organizações e os seus CIOs possam dar seguimento a projetos inovadores e a resolverem os seus problemas de negócio, uma vez que a tecnologia é crucial para alavancar a criação de novos produtos/serviços e a evolução dos próprios modelos operacionais.
Neste ponto, o que os líderes tecnológicos poderão fazer para retirarem o máximo valor de budgets potencialmente apertados, é:
- Manterem ou desenvolverem uma visão tecnológica clara e completamente alinhada com as prioridades máximas do negócio;
- Avaliarem continuamente as suas infraestruturas e projetos, com a ajuda de parceiros tecnológicos especializados e que disponibilizem know-how e recursos on-demand e de forma flexível.
- Adotar uma abordagem faseada aos projetos, adquirindo apenas as ferramentas/serviços que a organização efetivamente necessite e utilize.
A título de conclusão e pela análise efetuada, facilmente conseguimos perceber que o ritmo de mudança e incerteza ao qual assistimos no ano passado irá certamente continuar em 2023.
Alguns dos desafios referidos e das resumidas best practices indicadas poderão ajudar os líderes de IT a estarem mais atentos e a melhor planearem as suas ações, a fim de tentarem maximizar os seus investimentos e resultados empresariais, mesmo sob cenários de instabilidade.
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