Um estudo divulgado esta quinta-feira pela revista Nature Astronomy revela que uma estrela chamada EK Draconis, idêntica ao nosso Sol e localizada a dezenas de anos-luz da Terra, estava a ser observada por astrofísicos, incluindo Yuta Notsu, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos da América, quando explodiu e expeliu partículas mais fortes do que o normal no Sistema Solar.
Considerada uma tempestade solar, o fenómeno é explicado por Notsu como tratando-se de erupções fortes, semelhantes às que o sol emite regularmente, e que são feitas de nuvens de partículas extremamente quentes que podem atingir milhões de quilómetros por hora. Se uma “ejeção de massa coronal”, como também é chamado o ato de explosão, atingir a Terra, pode incendiar satélites em órbita e cortar as redes de energia das cidades. Por norma, acontece quando uma estrela liberta uma labareda ou uma explosão repentina de radiação que se estende pelo espaço.
O estudo foi realizado em abril de 2020 pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão, liderado por Kosuke Namekata, em que a equipa de investigação observou a explosão da estrela, durante a qual foram lançadas partículas com uma massa de quatrilhões de quilogramas – 10 vezes mais do que a maior massa coronal de uma estrela parecida com o sol já registada. Um estudo anteriormente feito por Notsu, em 2019, já tinha mostrado que jovens estrelas semelhantes ao Sol ao redor da galáxia tinham explosões solares, mas ainda mais poderosas. Este tipo de explosão pode também acontecer no Sol da Terra, mas não com tanta frequência, o que levou os cientistas a querem perceber se as erupções iriam levar a uma ejeção de massa coronal superior.
Desta forma, observaram a estrela EK Draconis, com 100 milhões de anos, durante 32 noites no inverno e na primavera de 2020, através do Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA e o telescópio SEIMEI da Universidade de Kyoto. A 5 de abril observaram uma explosão e, 30 minutos depois, uma ejeção de massa coronal a um milhão de milhas (cerca de um milhão e 610 mil quilómetros) por hora, ao que chamaram de primeira etapa da explosão e “erupção de filamento”.
Embora a equipa afirme que as super ejeções de massa coronal sejam raras, como as erupções solares, acredita-se que tenham sido comuns nos primeiros tempos do sistema solar, podendo ter contribuído para formar a aparência da Terra e de Marte. Notsu diz em comunicado à revista que “Marte tinha uma atmosfera muito mais densa” no passado e que “as ejeções de massa coronal podem ajudar-nos a entender o que aconteceu com o planeta ao longo dos biliões de anos”.
O estudo conta com a participação de investigadores do Observatório Astronómico Nacional do Japão, da Universidade de Hyogo, da Universidade de Kyoto, da Universidade de Kobe, do Instituto de Tecnologia de Tóquio, da Universidade de Tóquio e da Universidade Doshisha.