“O silício não é tudo”, pode ser visto como o lema dos fundadores da start-up PragmaticIC Semiconductor. E se há onze anos quando a companhia foi criada em Cambridge, Reino Unido, a visão de Scott White e Richard Price podia parecer algo sonhadora, como compete no universo da inovação, hoje em dia, quando o mundo atravessa a mais grave crise de semicondutores, que obrigou à paragem de empresas do setor automóvel e levou a atrasos de meses nas entregas de equipamentos eletrónicos, a afirmação parece ser do mais elementar bom senso.
Fundada em 2010, na altura com o nome de PragmatIC, com a missão de criar um novo tipo de circuito integrado (IC), fino, flexível e de custo ultrabaixo, a empresa tem vindo a ganhar prémios de inovação, e financiamento de capital de risco, para o seu processo denominado FlexLogIC, que permite um design e tempo de produção muitíssimo mais curtos, especialmente para chips em tecnologias de processo mais antigas. O que pode vir a mudar a maneira como os chips são projetados, especialmente para sensores de baixo custo na Internet das Coisas (IoT).

Agora, numa ronda de financiamento Série C, a empresa conseguiu atingir os 80 milhões de dólares, o que permitirá avançar para a sua segunda unidade de produção de FlexLogIC, localizada no nordeste de Inglaterra. Este sistema de produção altamente disruptivo é descrito na página da empresa como “contendo todas as ferramentas de processo necessárias para depositar e padronizar várias camadas de materiais de alta qualidade, integradas a um sistema robótico de manuseio de wafer dentro de um ambiente limpo autocontido, numa produção confiável sem a intervenção do operador.”

A plataforma criada pela empresa permite criar soluções inovadoras em circuitos integrados flexíveis, mais finos que um cabelo humano, com aplicações em comunicação por RFID e NFC. “Os nossos produtos inovadores e diferenciados estão a ser adotados por uma base crescente de empresas globais, em diversos mercados, incluindo bens de consumo, jogos, retalho, farmacêutico e segurança”, divulgou a empresa em comunicado. Esta possibilidade de produzir dispositivos flexíveis, por uma fração do custo e tempo necessários para circuitos de silício tradicionais, abre as portas a novos mercados, que vão muito além do RFID, graças ao processo de fabrico registado pela empresa FlexLogIC – “um modelo de manufatura altamente escalável para produção de alto volume com custo reduzido”, afirma a empresa.