“Há muito trabalho a fazer no espaço”, justificou o recém-empossado Diretor-Geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Josef Aschbacher, na apresentação dos primeiros dados relativos ao concurso para astronautas em curso.
Visivelmente entusiasmados com a resposta à convocatória, uma equipa de peritos da Agência apresentou os resultados finais: 22.589 candidatos, de todos os 22 Estados-membros, incluindo a Lituânia, que aderiu recentemente, e ainda de três cooperantes. Este número representa um gigantesco aumento relativamente ao último concurso, em 2008, quando foram recebidas 8413 candidaturas. Também concorreram 257 pessoas com algum tipo de deficiência.
Neste “trabalho a fazer” fora da Terra, está o já habitual na Estação Espacial, mas também na Lua e até a exploração de lugares mais longínquos, como o planeta Marte, enfatizou o Diretor-Geral.
Admitindo que ser astronauta é “um emprego de sonho”, a responsável pelo Departamento de Aquisição de Talentos da ESA, Lucy van der Tas, mostrou-se especialmente contente pelo aumento da percentagem de candidaturas femininas, 5419, o que representa uma taxa de 24%. “Não trabalhamos com quotas”, sublinhou, no entanto, a responsável. No recrutamento anterior, em 2008, este número era de 15,5%.
De Portugal, há 317 candidatos no total – 256 homens e 61 mulheres. Em 2008, eram 192 homens e 28 mulheres. “Quando comparados com os valores de 2008 vemos que Portugal teve um acréscimo de mais
de 50% no número de candidatos, o que é significativo, mas talvez o mais importante a reter seja
o facto do número de mulheres portuguesas que querem ser astronautas ter duplicado, o que
nos deixa muito satisfeitos”, congratula-se Hugo Costa, diretor da Agência Espacial Portuguesa –
Portugal Space.
França, Alemanha e Itália compõem o top três dos países com maior número de candidatos, com
Portugal a surgir na parte superior da tabela, ocupando o 11.º lugar entre os 22 Estados-membro
e três países associados. “Acreditamos que estes números são o resultado do crescimento das
atividades espaciais em Portugal, o que aumenta a atração pelo sector, mas também são reflexo
da excelente qualidade dos recursos humanos que saem das universidades nacionais à procura
de desafios realmente extraordinários e que são, sem dúvida, um alento para o futuro do espaço
em Portugal”, diz Hugo Costa, em comunicado da Portugal Space.
Terminadas as seis etapas de seleção – avaliação da candidatura, testes psicotécnicos, psicológicos e médicos e ainda duas rondas de entrevistas – serão selecionados quatro a cinco astronautas de carreira e vinte de reserva, que se mantêm como funcionários da ESA, embora sem terem sido convocados para uma missão espacial e ainda um para-astronauta. Para Josef Aschbacher, manter uma reserva de astronautas, a par da seleção dos astronautas de carreira e ainda de uma pessoa com deficiência – o que será uma estreia – oferece mais oportunidades do que nunca. No entanto, reforçou, dado o elevado número de candidatos, a competição é enorme.
Além desta forte aposta nos voos tripulados, o novo DG quer apostar no desenvolvimento dos domínios clássicos da engenharia, mas também em áreas como a computação quântica.