No ano em que celebra os 110 anos, o Instituto Superior Técnico prepara-se para mudar de uma forma nunca vista numa universidade portuguesa. Preparada ao longo de quase três anos, a remodelação que entra em vigor já no ano letivo de 2021/22 prevê que os alunos de engenharia possam frequentar disciplinas de praticamente todas as outras faculdades da Universidade de Lisboa.
Um “risco”, admite o presidente do Técnico, Rogério Colaço. Mas parar é morrer e não é por a escola de engenharia ter conseguido atrair nos últimos anos os melhores alunos do país, com vários cursos no top das licenciaturas mais procuradas, que a mudança não é necessária. “É preciso expor os alunos a contextos diferentes, antes de entrarem no mercado de trabalho”, justifica Rogério Colaço.
Aludindo à mudança positiva que chegou com a abertura do curso de Arquitetura, que trouxe diversidade à população estudantil do Técnico, mais notória no Pavilhão de Civil, onde se juntam os alunos de Engenharia e os de Arquitetura, o presidente espera que agora esta alteração venha enriquecer os currículos, sem comprometer a solidez do ensino de engenharia.

Sem paralelo no panorama universitário português, a remodelação, que Rogério Colaço classifica de “revolucionária”, permitirá aos alunos de engenharia incluir no seu currículo disciplinas de quase todas as faculdades pertencentes à Universidade de Lisboa. Quer isto dizer que um estudante de Engenharia do Ambiente poderá frequentar, durante um semestre, uma cadeira na Faculdade de Belas Artes, por exemplo. A área de gestão está coberta pela parceria com o ISEG, assim como a frequência de disciplinas de Humanidades estará disponível através da Faculdade de Letras. Esta ‘dança’ das faculdades só poderá ser feita no terceiro ano ou no segundo ciclo e está limitada a duas cadeiras.
Dentro do próprio Técnico, também será facilitada a realização de projetos conjuntos, entre alunos de diferentes licenciaturas. “Um aluno de Informática pode estar a trabalhar num projeto com um de Arquitetura”, concretiza. Esta hipótese estará disponível igualmente no terceiro ano e no segundo do mestrado.