Diogo Cruz, Duarte Magano, Sagar Pratapsi e Óscar Amaro são os quatro alunos do Instituto Superior Técnico (IST) que venceram uma das provas do iQuHACK 2021, uma maratona de programação focada em computação quântica, organizada por estudantes de doutoramento e investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. Os alunos – três dos quais também integram o Instituto de Telecomunicações (IT) – destacaram-se na categoria de computação quântica analógica e venceram o prémio atribuído pela D-Wave, uma das maiores empresas da área e que patrocinou a competição.
O iQuHACK deste ano realizou-se em ambiente remoto, no final de janeiro, e contou com a participação de 49 equipas de 29 países. A ideia para participarem foi de Óscar Amaro que “estava à procura de escolas de verão e competições relacionadas com computação quântica”. O grupo não estava à espera de vencer este prémio, como conta Duarte Magano, em comunicado. “Honestamente, demoramos um bocado a acreditar. A cerimónia foi num domingo às 23 horas de Portugal, até estávamos de pijama quando nos pediram para ligar a câmara para um breve discurso”.
A competição estendeu-se por mais de 24 horas e durante esse período as equipas tiveram a liberdade de usar os computadores quânticos dos patrocinadores para resolver um problema à escolha. “Os critérios do júri foram a utilidade do produto, o mérito técnico e a criatividade. Havia duas categorias: computação com circuitos quânticos e computação usando uma técnica chamada de recozimento quântico [quantum annealing em inglês]. Foi-nos atribuída a categoria de annealing”, conta Sagar Pratapsi. Os alunos escolheram usar a técnica para resolver um problema de otimização no jogo Star Battle, que é publicado regularmente no jornal The New York Times, com uma grelha quadrada com regiões delimitadas e o objetivo de distribuir estrelas pela grelha de modo a que cada linha, coluna e região tenham um número específico de estrelas.
A equipa lusa seguiu uma abordagem diferente da que foi seguida pelas restantes equipas, desenvolvendo um programa que não só conseguia resolver os problemas dados, mas também gerava novos puzzles. “O júri ficou muito impressionado com estes resultados. Disseram que nem lhes tinha ocorrido que tal fosse possível fazer”, revela Diogo Cruz.
O grupo de estudantes faz questão de frisar que este “é um tipo de treino que permite focar a aprendizagem e acelerá-la, e que complementa a aprendizagem teórica na universidade”
“Tem sido o meu objetivo colocar o Técnico entre os melhores do mundo nesta área [Física Quântica], e é essa a mensagem que passo aos alunos”, explica o professor Yasser Omar, manifestando o contentamento pelos frutos que este trabalho tem dado. “Ainda mais significativos, espero, serão os resultados dos projetos de investigação que [estes alunos] estão a desenvolver. E no próximo ano letivo, em setembro de 2021, iremos lançar no Técnico o Minor em Ciência e Tecnologias Quânticas, pioneiro em Portugal e que virá reforçar ainda mais a formação do Técnico nestas áreas”, salienta o docente.