A partir de uma amostra de 8.463 pessoas, o último estudo de imunidade feito à população portuguesa revela que 15,5% dos portugueses tem anticorpos contra a Covid-19, sendo a grande maioria, 13,5 por cento, resultantes de infeção.
É entre a população adulta ativa que se registam as taxas mais altas de imunidade – avaliada pela presença no sangue de anticorpos específicos contra o vírus SARS-CoV-2 (IgM e IgG) -, sendo as taxas mais baixas na faixa etária entre os 70 e os 79 anos, conclui-se no trabalho, que incluiu residentes em todo o país, recrutados entre 2 de fevereiro e 31 de março de 2021. Para o virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular, “15,5% é um número estimado mas que somado a 20% de vacinação põe Portugal perto dos 40% de imunidade de grupo”, o que, tendo em conta a prioridade na vacinação dada aos grupos de risco “é uma imunidade muito protetora.” No final de maio, continua o especialista, quando toda a população com mais de 60 anos estiver vacinada, poderemos ter uma vida “muito perto do normal”, afirma.
Desenvolvido e coordenado pelos departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em parceria com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, Associação Portuguesa de Analistas Clínicos e com 33 Unidades do Serviço Nacional de Saúde, este é o segundo inquérito do género feito em Portugal, desde o início da pandemia de Covid-19. No primeiro, realizado entre maio e junho do ano passado, identificou-se a presença de anticorpos numa franja bem menor da população: 2,9 por cento. Também envolveu uma amostra populacional bastante menor: 2301 pessoas.
Em Portugal, atingir 70% de imunidade de grupo no verão é perfeitamente possível, e será mais no início ou meio do que no fim
Pedro simas
“Em Portugal, atingir 70% de imunidade de grupo no verão é perfeitamente possível, e será mais no início ou meio do que no fim”, diz Pedro Simas. Desde o início da pandemia que os cientistas falam nesta taxa como uma meta a alcançar. Israel, com a sua vacinação maciça, que rapidamente atingiu esta marca, permitindo-lhes chegar à imunidade de grupo, veio mostrar que os epidemiologistas estavam certos.
Ao nível da União Europeia também cresce o otimismo. “Estamos confiantes de que seremos capazes de produzir uma quantidade suficiente de vacinas para atingir a imunidade coletiva, o que significa que em meados de julho 70% da população adulta já estará vacinada”, disse o Comissário Europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, durante o encontro no sábado com o Primeiro-Ministro António Costa.
Em Portugal, no grupo de indivíduos vacinados a proporção de pessoas com anticorpos específicos contra SARS-CoV-2 foi de 74,9%, valor que aumentou para 98,5% quando consideradas apenas as pessoas vacinadas com duas doses há pelo menos 7 dias, lê-se no comunicado do INSA.
Os dados deste segundo inquérito serológico nacional foram obtidos em pessoas com idade superior a doze meses que se dirigiram a um hospital, ou laboratório participante no estudo, para fazer análises clínicas durante aquele período.