A escassez de talento é cada vez mais uma preocupação das empresas, sendo um desafio que ultrapassa fronteiras e tem impacto nos mais variados setores. Segundo o estudo Talent Shortage, desenvolvido pelo ManpowerGroup, no final de 2021, seis em cada dez empresas portuguesas indicavam dificuldade em preencher as vagas que lançavam para o mercado por falta de profissionais qualificados. Conseguir a combinação certa de competências técnicas e humanas é cada vez mais desafiante, e mais de metade de todos os trabalhadores precisará de novas competências para prosperar nas suas funções.
À elevada escassez de competências alia-se ainda outra tendência que vem em muito impactar na criação de uma força de trabalho capacitada: The Great Resignation, um movimento que consiste na saída em massa de profissionais das empresas, por iniciativa própria. Este é um fenómeno que se deve a diversos fatores, mas que revela a fraca atratividade das atuais propostas de valor dos empregadores.
Estamos, por isso, a assistir ao desenvolvimento de uma nova perceção do mundo do trabalho, em que tanto trabalhadores como empresas reconhecem que precisamos de algo novo e diferente. As empresas necessitam de fazer mais para atrair e fidelizar trabalhadores qualificados e diversos, pois as pessoas esperam mais dos empregadores.
É perante este contexto que a construção de propostas de valor únicas e distintivas se torna ainda mais relevante. Nesse âmbito, são essenciais estratégias de talento que coloquem as pessoas no centro, que apostem numa experiência do colaborador enriquecedora, num crescente equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e numa liderança empática com valores e um propósito com os quais esses colaboradores atuais e potenciais se possam rever.
Benefícios como uma maior flexibilidade, com a adoção de modelos de trabalho remotos ou híbridos, ou os planos de reskilling e upskilling, que apostam nos colaboradores e na sua requalificação, permitirão às entidades ampliar a base de talento. Ao mesmo tempo, as empresas devem também ter uma relação cada vez mais próxima com os colaboradores, acompanhando as suas preocupações, mesmo fora do contexto laboral. Hoje, os profissionais esperam que as entidades onde trabalham sejam capazes de tomar posições sobre uma variedade de questões, sociais, económicas e ambientais, e que passem das palavras à ação, tendo um impacto positivo na sociedade.
Em suma: os empregadores devem ser ainda mais criativos na atração, capacitação e fidelização de trabalhadores, à medida que a escassez de talento aumenta e a competição pelo talento acelera.
É precisamente por tudo isto que vemos a iniciativa Melhores Empresas para Trabalhar como um projeto que permite esse importante reconhecimento das melhores práticas em gestão do talento e atuação corporativa, mas também uma extraordinária ferramenta de autodiagnóstico das organizações. Isto porque são analisadas e levadas a refletir sobre os seus pontos fortes mas também sobre o que ainda têm a melhorar, no que respeita à sua proposta de valor. Só com esta consciência, uma estratégia integrada de benefícios, capacitação e propósito, e uma correta visibilidade perante o público-alvo, as empresas poderão captar o talento necessário para prosperar num mercado global cada vez mais competitivo.