A Unilever já tinha anunciado um plano de reestruturação que implicou dizer adeus ao negócio dos gelados, e que previa o corte de 7500 postos de trabalho em termos globais. Na Europa, onde a multinacional – que tem também presença em Portugal – tem cerca de 10 mil funcionários, a empresa prepara-se para despedir 3 200 pessoas, um terço da sua força de trabalho.
A informação foi avançada esta sexta-feira pelo Financial Times, que teve acesso aos detalhes discutidos durante uma video-chamada feita por uma das responsávei dos departamento de Recursos Humanos, Constantina Tribou.
“O impacto esperado nos postos de trabalho na Europa, entre este momento e o final de 2025 é na ordem dos 3000 a 3200 lugares”, referiu, adiantando que estes cortes vão atingir “em primeiro lugar as funções administrativas”, e que não inclui trabalhos que sejam desempenhados nas fabricas da multinacional.
O objetivo deste plano de reestruturação, como já tinha sido revelado, é o de conseguir aumentar as margens da Unilever, que tem estado a perder terreno para os seus concorrentes com o passar dos anos. Foi essa também a justificação apresentada quando a empresa decidiu separar o seu negócio dos gelados, para que não criasse lastro e lhe permitisse focar-se na higiene e no lar.
Responsáveis da Unilever dizem que todas as geografias serão afetadas por igual, no que concerne a esta redução de postos de trabalho, mas em particular os centros de Londres e Roterdão.
Apanhados de surpresa, os funcionários da Unilever terão expressado o seu desagrado e frustração pela informação passada à distância, e por parte dos responsáveis receberam pedidos para que não deixassem a ansiedade ganhar.
“Ao invés de gastarem energia com ansiedade, vamos colocar a nossa energia ao serviço dos nossos clientes e consumidores, e transformar este serviço em algo realmente incrível. Isso é o que está no nosso controlo.
Mensagens escritas no fórum da videochamada, e a que a publicação britânica teve também acesso, revelam trabalhadores indignados e dececionados com a forma como a mensagem foi passada.
O CEO da Unilever, Hein Schumacher, tem estado muito pressionado para apresentar resultados financeiros melhores do que os anteriores, numa altura em que a empresa continua a apresentar dificuldades em acompanhar os seus concorrentes.
Respondendo aos anseios provocados por aquela que é a maior reestruturação elvada a cabo na última década, fonte official da Unilever, citada pelo Financial Times, referiu que “em março anunciámos o lançamento deste programa de reestruturação para aumento da produtividade, para garantir maior crescimento e foco e uma organização mais responsável. Temos consciência da ansiedade que estas propostas causam no seio da nossa organização e estamos comprometidos em apoiar todos durante este períodos de mudança, enquanto levamos a cabo este período de consulta”, que começa já nos próximos dias.
Depois de ter dito adeus aos gelados, a Unilever parece agora disposta a dizer adeus ao seu maior ativo: as pessoas. A multinacional emprega cerca de 128 mil pessoas em todo o mundo.