O ElDiario.es teve acesso a um documento da secretaria-geral do Senado no qual se explicam os custos da viagem dos dois senadores, Juan José Matarí e Alfonso Serrano, que ascenderão aos 9.178 euros. Segundo o ABC tinha escrito já, o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol tinha avisado os políticos do PP da forte possibilidade de serem obrigados a voltar para trás mal pisassem solo venezuelano.
O Eldiario.es acrescenta que, uma semana antes da partida, a embaixada da Venezuela em Madrid tinha avisado por escrito que as entradas seriam impedidas, pelo que todos os grupos parlamentares espanhóis, à exceção do PP, cancelaram a ida dos seus deputados.
Custo para os cofres do Estado espanhol pode ser superior
No documento do Senado revelado pelo ElDiario.es, explica-se que o custo da viagem do presidente da Comissão de Assuntos Ibero-americanos do Senado espanhol, Juan José Matarí, e do secretário-geral do PP madrileno e braço-direito da autarca de Madrid Isabel Díaz Ayuso, Alfonso Serrano, pode ser ainda superior.
“Existe a possibilidade de a Iberia cobrar uma penalização por excesso de reservas, devido à incerteza da viagem. Caso em que o Senado terá que fazer face a esse custo”, lê-se no documento, que revela não haver ainda informação sobre a importância que será cobrada pelo Hotel Meliã em Caracas pela reserva.
Além dos dois senadores, na comitiva em que seguiu o eurodeputado da AD Sebastião Bugalho iam ainda outros membros do PP: o porta-voz do PP no Congresso Espanhol, Miguel Tellado, o eurodeputado e vice-secretário Institucional do partido, Esteban González Pons, a porta-voz adjunta no Congresso Espanhol, Cayetana Álvarez de Toledo, e as deputadas Macarena Montesinos e Belén Hoyo.
O ElDiario.es contactou o partido espanhol para saber quem pagou as viagens dos restantes elementos do PP, mas ficou sem resposta. “Não creio que haja muita diferença se foram pagas pelo Partido Popular ou pelo grupo parlamentar”, disse numa conferência de imprensa, na segunda-feira, a secretária-geral do partido, Cuca Gamarra, citada pelo jornal espanhol.
PSOE diz que Senado não aprovou a viagem que irá pagar
O custo da viagem dos senadores espanhóis torna-se especialmente polémico pela condição em que viajaram: sabendo que não fariam parte dos observadores internacionais que estariam a acompanhar as eleições venezuelanas e sob a ameaça, que se viria a concretizar, de serem impedidos de entrar no país e obrigados a regressar a Espanha mal pisassem o aeroporto em Caracas.
O aviso feito pelas autoridades venezuelanas foi transmitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao PP e ao Senado, uma semana antes da viagem. Um aviso que, frisa o ElDiario.es fez todos os grupos parlamentares, à exceção do PP, desistir da viagem.
Mais: os socialistas espanhóis rejeitam que o pagamento da viagem tenha sido debatido no Senado, órgão no qual o PP tem a maioria. “Em nenhum momento, a Mesa debateu, votou ou aprovou formalmente o envio de uma delegação do Senado à Venezuela. É falso, como diz o PP, que na reunião da Mesa de 17 de julho se tenha tomado qualquer decisão sobre o tema, e menos ainda que tenha contado com o apoio dos representantes socialistas”.
De resto, o PSOE já pediu acesso às atas das reuniões do Senado dos dias 17 e 23 de julho, que continuam por publicar.
Contactado pela VISÃO, Sebastião Bugalho não quis fazer qualquer comentário. No entanto, uma vez que a sua viagem foi feita numa comitiva do PPE, da qual fazia parte também Esteban González Pons, vice-presidente do Parlamento Europeu, todos os custos da sua viagem terão sido pagos pelo PPE.