Heins Schumacher, o novo presidente executivo da Unilever, comprometeu-se a garantir uma melhoria financeira na maior retalhista mundial. Para isso, terá de implementar uma série de medidas, que incluem o corte de 7 500 postos de trabalho, revelou a empresa esta terça-feira.
Isto porque a Unilever – detentora de marcas como a Dove, a Magum ou a Helmman’s – decidiu desfazer-se do seu negócio dos gelados, que inclui referências como a Ben&Jerry’s ou a Magnum (enfim, em Portugal todos os da Olá).
Atualmente, o segmento dos gelados representa 16% das vendas totais do grupo, e o gestor acredita que não só pode fazer um bom negócio com a sua venda, como concentrar-se melhor no resto da atividade da Unilever.
Schumacher anunciou que o negócio deverá autonomizar-se até ao final de 2025, embora ainda não tenha explicado os contornos da operação. Justificou a decisão com a sazonalidade e também com a falta de sobreposição nas cadeias de abastecimento com os restantes negócios da empresa. Os mercados acionistas davam sinais de agrado relativamente a esta informação, com os analistas a antecipar subidas de 5% nas ações da Unilever. No arranque da sessão desta terça-feira, os títulos da retalhista dispararam mais de 3%, valor em que negociavam à hora a que foi escrito este texto.
O novo CEO da empresa, que assumiu o cargo em junho do ano passado, tem sido pressionado a fazer mudanças significativas no grupo, depois de vários anos de crescimento moderado. É, possivelmente, essa a razão desta decisão surpreendente. O Barclays avançava, citado pelo Financial Times, que o segmento do negócio dos gelados da Unilever deve valer qualquer coisa como 17 mil milhões de dólares, o que o torna atrativo para uma série de compradores – fundos de private equity incluídos. Na mesma ocasião, a instituição britânica colocou a quota de mercado da Unilever nos 20%, o que faz dela a líder mundial no segmento.
Recorde-se que, já em 2021, a Unilever vendeu o seu negócio de chá por €4,5 mil milhões, depois de ter alienado o seu negócio de cremes vegetais por €7 mil milhões, em 2017. Mas, referem alguns analistas, estas vendas pouco representaram no desempenho do grupo nos anos seguintes, o que os faz duvidar do impacto desta decisão na saúde financeira da empresa. A Unilever manterá os seus negócios nas áreas de beleza e bem-estar, cuidados pessoais, lar e nutrição, onde tenta ganhar quota de mercado que tem vindo a perder para a concorrente Procter&Gamble.
A nova administração da Unilever também referiu que vai implementar um exigente corte de custos, e que pretende reduzir em €800 milhões os gastos durante os próximos três anos.
Ainda não se sabe exatamente em que áreas e geografias é que a Unilever vai levar a cabo as demissões de 7 500 pessoas, mas os rumores dizem que deverá ser sobretudo em trabalhos administrativos. Recentemente, o CFO da empresa tinha referido que a Unilever fez um avultado investimento em tecnologia e digitalização, o que possivelmente já fazia adivinhar que pretendia dispensar trabalhadores dos escritórios.
Resta saber quem dará seguimento aos Magnum no verão de 2025.