Os trabalhadores no setor do turismo, que engloba alojamento e restauração, tinham um salário real maior em 1995 do que no final de 2022, já incorporando os efeitos de inflação. A conclusão é de uma análise do Banco de Portugal, que mede este indicador tendo em conta ainda as horas trabalhadas.
No quatro trimestre de 2022, o salário real para os funcionários neste setor era de 8,4 euros por hora em Portugal, que compara com os cerca de 10 euros que eram pagos 27 anos antes. A queda foi muito mais acentuada na Zona Euro, onde o salário médio era de cerca 18 euros por hora em 1995 e passou a ser menor do que 15 euros.
O gráfico mostra ainda outra realidade: os trabalhadores do alojamento e restauração ganham muito menos do que a média do país (8,4 euros vs 11,5 euros, respetivamente). A mesma tendência é verificada na Zona Euro (14,5 euros vs 24,7 euros).
“O nível e a evolução dos salários reais em Portugal e na área do euro estão em linha com o observado na produtividade aparente do trabalho, medida como o valor acrescentado bruto por hora trabalhada”, realça o mesmo estudo do Banco de Portugal.
Uma trajetória diferente tem seguido a indústria transformadora, como o têxtil, a metalomecânica ou o mobiliário, onde os salários dos trabalhadores passaram de 6 euros por hora e 1995 para os 10,1 euros no final de 2022.
O estudo nota ainda que, apesar de os salários destes trabalhadores terem sido historicamente menores do que a média nacional, estamos a assistir a uma convergência nos últimos anos, como mostra o seguinte gráfico.
Na Zona Euro, os salários neste setor já superaram a média europeia entre 2000 e 2005, sendo quase 5 euros/hora superiores. No final de 2022 era de 29,1 euros – quase o triplo face a Portugal.