O futebol português tem progredido na vertente económica e financeira desde o golpe sofrido com a pandemia. Na época de 2022/2023 as receitas voltaram a subir, sendo que o contributo para a economia nacional também atingiu máximos, segundo a sétima edição do Anuário do Futebol Profissional Português, divulgado esta terça-feira pela EY e pela Liga Portugal. Quais os números-chave da indústria do futebol nacional?
Volume de negócios: €946 milhões
As receitas agregadas das sociedades desportivas do principal escalão do futebol nacional estão a aproximar-se da marca de €1.000 milhões. Na época transata, os clubes conseguiram aumentar esse indicador em 9%. “As receitas com direitos de atletas, competições e direitos audiovisuais são as mais relevantes, representando 27%, 19% e 18% do total, respetivamente”, indica o estudo.
Apesar da desigualdade ter diminuído, os três principais clubes geram 57% do volume de negócios os clubes da Primeira Liga. Já as sociedades desportivas da segunda metade da tabela são responsáveis por apenas 28%.
O aumento do volume de negócios ajudou aos resultados líquidos. Em termos agregados, as sociedades desportivas da Primeira Liga passaram de prejuízos de €920 mil para um lucro de €15 milhões.
Passivo: €1.575 milhões
Apesar da subida das receitas, os clubes da primeira liga registaram o maior passivo de sempre. Subiu 2% para €1.575 milhões. “O principal driver de crescimento do passivo foram os empréstimos obrigacionistas, que aumentaram cerca de €59 milhões relativamente à época passada. Além dos empréstimos obrigacionistas, também os financiamentos obtidos aumentaram €51 milhões”, indica o estudo.
A contrabalançar este efeito esteve, no entanto, o aumento de 1% do ativo, que também atingiu máximos, situando-se em €1.544 milhões. “O principal driver de crescimento do ativo foram os ativos intangíveis, que aumentaram cerca de €25 milhões (5%), relativamente a 2021-22. Além dos ativos intangíveis, também as propriedades de investimento, outras contas a receber e depósitos bancários se destacam como drivers de crescimento do ativo”, revela o anuário.
Gastos totais: €918 milhões
As sociedades desportivas da Primeira Liga aumentaram os custos em 9% para €918 milhões, reforçando a aposta nos vencimentos de elementos-chave para o sucesso desportivo. “Os gastos com salários de jogadores e treinadores continuam a aumentar, registando um aumento de 10% e 34% nos jogadores e treinadores, respetivamente, face a 2021-22. Representaram 26% e 5%, respetivamente, do total de gastos das Sociedades Desportivas da Liga Portugal Betclic em 2022-23”, indica a EY.
No entanto, o aumento das receitas permitiu “camuflar” este disparo nos custos com pessoal. O peso destes gastos no total das receitas ficou estável, situando-se nos 45%.
Postos de trabalho: 3.504
Apesar do aumento dos custos com pessoal, o emprego gerado pelas sociedades desportivas da Primeira e da Segunda Liga e da própria Liga de Clubes teve uma descida de 3%. Destes, cerca de 76% correspondem a clube das Primeira Liga.
Contribuições fiscais: €228 milhões
O valor pago em impostos e em contribuições para a Segurança Social também bateu máximos na época passado. As sociedades desportivas dos dois principais escalões do futebol nacional destinaram €228 milhões para fazer face às suas obrigações fiscais e contributivas.
“O volume de contribuições fiscais mais relevante está indexado às remunerações dos agentes desportivos, justificando o maior peso de contribuição fiscal na Liga Portugal Betclic. O IRS e as contribuições para a Segurança Social somaram 178 milhões de euros no total, verificando-se um peso nas contribuições fiscais de 78%”, detalha o relatório.
Peso no PIB: €667 milhões
A EY estima que o futebol profissional tenha dado um contributo de €667 milhões para a economia portuguesa, o que corresponde a 0,26% do PIB. A grande fatia vem da Primeira Liga, que aumentou em 10% o montante que acrescenta à economia nacional. A consultora realça que aquele valor não inclui os impactos indiretos e induzidos do futebol profissional.