O estudo Melhores Empresas para Trabalhar vai já na 23ª edição, o que deixa um histórico importante sobre a evolução do mundo laboral. Na versão deste ano, que incluiu um universo de mais de 17 mil trabalhadores, uma das conclusões foi que “os colaboradores mais novos – a geração Z e os millennials mais novos – estão menos satisfeitos com o trabalho”, revelou Fátima Carioca, dean da AESE, no fórum “Futuro do Trabalho”.
Essa tendência já se notava nas edições anteriores, e tinha sido atribuída ao efeito que a pandemia pode ter provocado nos jovens que estavam a chegar – maioritariamente de forma remota – ao mercado de trabalho. No entanto, a repetição desta tendência indicia que “algo está a faltar, o que faz com que a vinculação da geração Z às empresas não esteja resolvida”; afirmou Fátima Carioca. Acrescentou que “as novas gerações exigem dos líderes que se transformem e deem o seu melhor”.
Outro dado do estudo – cujos dados podem ser consultados com maior detalhe na Exame de novembro – é que, além do maior descontentamento, as gerações mais novas também estão pouco representadas nas empresas. De acordo com o estudo, a geração Z – nascidos entre a segunda metade da década de 1990 e a primeira década dos anos 2000 – apenas ocupa 4,7% dos postos de trabalho das empresas alvo da análise. “A maioria dos colaboradores destas empresas tem entre os 30 e os 50 anos. Não existem muitos jovens nestas empresas. Porquê? Podem não estar disponíveis e, quiçá, ter ido para fora de Portugal”. O perfil-padrão dos trabalhadores das organizações alvo do estudo têm 38 anos, 7 anos de empresa, vínculo laboral estável e ganham entre €1.000 e €1.500.
Fátima Carioca revelou ainda quais foram as maiores diferenças entre as 25 empresas no topo do ranking e as outras. Uma delas está relacionada com as iniciativas para equilibrar a vida profissional com a pessoal. No geral, a dean da AESE identifica várias áreas que têm potencial de melhoria. É o caso da responsabilidade social da empresa e do trabalho grande que ainda há a fazer para nas áreas de liderança a gestão de pessoas de forma individualizada e humana.
Em resumo, a dean da AESE concluiu que vivemos um “momento de mudança geracional e de contexto”. E encerrou a apresentação do estudo com uma citação do escritor e filósofo Ralph Waldo Emerson: “Não vás onde manda o caminho, vai onde não há caminho e deixa rasto”. Aconselhou os líderes a procurarem ser pioneiros “a desbravar soluções”, relembrando que “o rasto não é apenas a nossa marca, mas o que entregamos às próximas gerações para que estas possam chegar mais longe”.