O risco é como um icebergue. Sob a superfície escondem-se perigos que não são visíveis e que podem ter custos elevados pelas empresas, explicou Francisco Erse numa apresentação feita durante a entrega de distinções do Prémio Prevenção em Inovação, que se realizou esta quinta-feira. O responsável da Ageas Portugal para o segmento PME e Corporate detalhou que “na teoria do icebergue, há uma divisão entre custos diretos (transferidos para a seguradora) e os custos indiretos que são suportados pelas empresas”.
Apesar de não serem tão visíveis, os custos indiretos têm um peso quatro vezes maior que os diretos. Francisco Erse exemplifica com o que pode acontecer com um acidente de trabalho, por exemplo. A seguradora até pode assegurar o salário para se contratar um substituto do funcionário que sofreu o acidente e está de baixa, mas o know-how pode não ser substituível, o que tem custos para a empresa.
Além disso, o responsável da Ageas afirma que “prevenir e não ter sinistros dá maior confiança aos investidores e mais motivação dos colaboradores”.
Custo ou investimento?
Francisco Erse citou um estudo da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, que conclui que por cada €1 investido em prevenção, geram um retorno de €2,20. Mas como é que isso se traduz na prática? Os responsáveis de duas das empresas vencedoras da edição do ano passado do Prémio Inovação em Prevenção deram algumas pistas.
O investimento em prevenção “tem um retorno extraordinário”, afirmou Luís Febra. O diretor-geral do Grupo SOCEM realçou, no entanto, que esse ganho é “intangível” e “nem sempre se traduz em resultado económico”. Sublinhou a importância de investir na qualidade de vida dos funcionários e demonstrou orgulho devido ao que diz ser um “envelhecimento lento” das pessoas do grupo. O responsável exemplificou como este investimento pode dar frutos. A SOCEM está prestes a fechar um contrato para ser parceiro de uma empresa francesa, que fez uma auditoria sobre a componente de pessoas, ambiente e risco. Esse trabalho já estava feito devido à cultura da empresa, que permite obter estes benefícios.
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Por seu lado, Ramiro Matos defendeu que “quando se trata de pessoas não se está à espera de ter um ganho financeiro”. Ainda assim, o presidente do conselho de administração da Águas de Santarém que esse investimento traz benefícios. Explicou que média de idade dos trabalhadores da empresa é de 47 anos e que 60% dos funcionários trabalham na parte operacional. Ainda assim, a empresa tem tido uma folha limpa no que diz respeito aos acidentes de trabalho e reduziu o absentismo para níveis mínimos.