Cristiano van Zeller tornou-se num nome incontornável quando se fala de vinhos do Douro e do Porto, ao representar a 14.ª geração da família holandesa que se radicou em Portugal no século XVII, entrando imediatamente no comércio de vinho do Porto. Depois de ter liderado marcas como a Quinta do Noval, Quinta do Vallado, Quinta do Crasto ou Quinta Vale de D. Maria – esta última comprada à família de Joana van Zeller, sua esposa – Cristiano recuperou a Van Zellers & Co, empresa criada no século XVIII e que estabeleceu as primeiras rotas comerciais marítimas de vinho entre Portugal e os estados Bálticos – então sob a égide do Império Russo. No início do século XIX, a Van Zellers & Co exportava mais de 1000 pipas por ano e firmava-se como um dos mais relevantes comerciantes de vinho do Porto.
Depois de várias reviravoltas nas mãos de alguns ramos da família, a marca Van Zellers & Co regressa à propriedade de Cristiano van Zeller em 2007, e o empresário e enólogo decide reavivá-la, acrescentando ao seu portefólio duas importantes referências: os Curriculum Vitae Douro Tinto e Branco.
Estes vinhos nasceram no início dos anos 2000, pelas mãos de Cristiano e Sandra Tavares da Silva, então enóloga da Quinta do Noval, depois da descoberta, em 2003, de uma vinha muito antiga, voltada a norte e escondida “nas profundezas do vale do rio Torto”, contam no site da empresa. Com mais de 20 castas que entram, em diversas percentagens, nos vinhos de cada ano, são vinhas que permitiram criar uma das referências mais significativas do Douro, nas últimas décadas.
Desde 2017 que Cristiano e Joana van Zeller se dedicam, em exclusivo, à Van Zellers & Co, depois de terem dedidido vender a Quinta Vale D. Maria à Aveleda S.A. Com um stock importante de vinhos do Porto antigos, 15 hectares de vinhas de vinho tinto e 1 hectare de vinha de vinho branco, a empresa é relançada no mercado em 2020. Já com a ajuda de Francisca van Zeller, representante da 15.ª geração, a Van Zellers & Co quer afirmar-se como uma marca de qualidade, inovadora, mas fiel às tradições e com o maior respeito pelo legado que quatro séculos de História lhe confere.
O Curriculum Vitae 2019 é, portanto, uma espécie de representante de todo o caminho que os van Zeller fizeram até agora – e, acreditamos, que é também um bom prognóstico do que continuarão a fazer. É que o ano que antecedeu a pandemia da Covid-19 foi um ano particularmente seco, com muitas oscilações de temperatura, e até com direito a chuvas leves durante a vindima, que ajudaram à festa. Este tinto, feito com mais de 25 castas diferentes, entre as quais Tinta-Amarela, Tinta-Francisca, Touriga-Franca, Donzelinho-Tinto ou Rufete, conta também a história de todas as pessoas que colhem as uvas à mão e que as pisam, totalmente, a pé, durante 2 a 3 dias.
Com 21 meses em barrica de carvalho francês usado, o CV 2019 é um vinho com muitos aromas a compota, pimenta, amoras e ameixas negras e leves apontamentos a tosta. Na boca, os frutos vermelhos fazem sentir-se com exuberância, e uma elegância quase inesperada. Sentimos também algumas notas de chocolate num vinho bem estruturado, complexo e com a acidez certa. Companhia perfeita para pratos com estrutura – um bife, um guisado, um cozido à portuguesa, se quiser –provámo-lo em março desde ano, com cerca de dois anos de garrafa, e acredito que tem bastante potencial de envelhecimento, apesar de ser uma belíssima companhia à mesa.
Engarrafado em 2021, o CV 2019 deixa-nos de água (vinho?) na boca à espera da surpresa que nos trará nas próximas colheitas.
Para nós, um AA entregue com muita facilidade.
À venda em garrafeiras nacionais (como o Clube del Gourmet do El Corte Inglés ou a Garrafeira Nacional), por um PVP médio de €99,90 a garrafa.
Escala de Notação Enlógica*
AAA | Fabuloso |
AA | Muito bom |
A | Bom |
BBB | Satisfatório |
BB | Mau |
C | Não Beba! |