Sofia Salgado, docente da Católica Porto Business School, e Francisca van Zeller, responsável de Marketing e Comunicação da Van Zeller & Co, foram as convidadas da sessão Girl Talk, durante a conferência da EXAME dedicada às 1000 PME, realizada na Casa da Música, no Porto. Ambas elegeram a retenção de mão de obra qualificada como uma das prioridades a ter para o ano de 2023. Se Sofia Salgado considera que as empresas devem pensar como impedir a fuga de talentos, arranjando melhores condições de atratividade para recrutar, Francisca van Zeller, que vive no terreno onde se produz vinho, quer atrair mão de obra qualificada e ver criadas condições para estabilizar pessoas em zonas rurais, tornando “mais sexy” a viticultura.
Mas a jovem do marketing de uma empresa familiar que conta 400 anos de história elege como prioridade máxima a “transparência na execução do PRR” e na atuação das lideranças, fatores importantes para a credibilização. Já a docente da Católica aponta para a necessidade de uma boa política fiscal – “a diferença com outros países é enorme”, diz – e, de um ponto de vista mais micro, elege a introdução de mais tecnologia no quotidiano das empresas, essencial para vencer no futuro.
Margarida Vaqueiro Lopes, editora da revista EXAME, começou por pedir que, num contexto de juros altos, de incerteza e de guerra, apontassem os desafios a ter em conta para o que aí vem. “Manter o foco no que vai permitir a sustentabilidade da empresa, no que a diferencia”, respondeu Sofia Salgado, que frisou ainda que “estes contextos que levam ao limite os balanços são o momento em que se deve questionar o que se pode fazer de novo”.
Francisca van Zeller diz que “a história dá lições”, ou não fosse ela uma licenciada em História. É muitas vezes olhando para a história da empresa que percebe o que a distingue e como se posicionar. “Olhar para trás pode ser um processo de aprendizagem”, partilha. E foi aí que a sua empresa foi buscar a “viticultura regenerativa”, com que enfrenta hoje alguns problemas associados às alterações climáticas. “É essencial ter uma estratégia bem definida para ter onde ir buscar as decisões mais acertadas”, justificou, alegando ter sido esse o truque usado no relançamento da empresa, com novos vinhos, em pleno contexto de pandemia. “Estávamos muito conscientes do nosso posicionamento”.
De resto, houve ainda tempo para falar de um cultura onde o erro e o falhanço são mal vistos. “Começa desde pequenino. Os alunos chegam à universidade e não querem falhar, o que está errado. Costumo dizer que, ali, é o melhor sítio para falhar”, diz Sofia Salgado. “Não há organização onde não haja falhas. Se a gestão de topo aceitar que erra, abre espaço a que outros arrisquem. Depois, é preciso dizer: o que aprendeste com isto? E siga…”. Contudo, na sua opinião, é importante clarificar até onde pode ir o erro e estabelecer um limite.