A plataforma tecnológica de dados sobre o setor imobiliário Casafari recebeu 120 milhões de dólares (o equivalente a cerca de 101 milhões de euros à cotação atual) de investidores para identificar, selecionar e negociar a compra de mais de 700 imóveis habitacionais e comerciais em Portugal e Espanha, que serão depois colocados no mercado de arrendamento.
A entrada da empresa na atividade de buy-to-let (comprar para arrendar) acontece depois de ter sido mandatada para tal por um consórcio europeu de fundos privados, entre os quais a Stoneweg. A carteira de imóveis, a comprar e colocar no mercado numa ótica de longo prazo, será selecionada recorrendo às tecnologias de inteligência artificial e machine learning utilizadas pela Casafari na sua plataforma, que conta com 95 milhões de listagens de imóveis.
“Clientes como o grupo suíço Stoneweg não teriam capacidade operacional de implementar esta estratégia de aquisição em larga escala se não fosse pelo serviço inovador baseado em tecnologia da Casafari”, refere um comunicado divulgado esta quarta-feira, 7 de julho. Depois da operação, os imóveis serão explorados por um grupo internacional de investidores institucionais, explica Rafaela Andrade, partner e responsável pela divisão de Sourcing & Underwriting da Casafari.
Financiar expansão europeia
No mesmo dia em que anuncia a criação da carteira de buy-to-let, a empresa diz ainda que levantou 15 milhões de dólares (cerca de 13 milhões de euros) numa ronda de financiamento Série A, para acelerar a expansão na Europa, com olhos postos na Alemanha, Áustria, Suíça e Reino Unido. O valor foi assegurado por sete investidores liderados pela Prudence Holdings. À capital de risco norte-americana juntaram-se a portuguesa Armilar Venture Partners, a belga Amavi Capital, a HJM Holdings, a 1Sharpe, a FJ Labs (do fundador do grupo OLX) e a Lakestar, atual investidora.
Em declarações à EXAME, em março passado, o CEO Nils Henning, apesar de não antecipar novos levantamentos “no imediato”, admitia contactos frequentes com investidores e a possibilidade de uma nova ronda “ainda este ano ou no próximo”. Isto depois de, em 2019, a Casafari ter realizado uma ronda de financiamento seed no valor de cinco milhões de euros, com um post money valuation de 20 milhões de euros. Agora, após os 15 milhões de dólares da nova ronda, a empresa não avança informação sobre a nova avaliação: “Podemos apenas partilhar que foi uma ronda de investimento altamente competitiva e subscrita”, refere fonte à EXAME.
No comunicado, Henning sublinha que o mandato dado por investidores como a Stoneweg vai trazer mais liquidez para o mercado e gerar mais transações para os clientes da plataforma, enquanto a Co-CEO e CPO da empresa, Mila Suharev, diz que a ronda de financiamento vai contribuir para a intenção da Casafari – que hoje opera em Portugal, Espanha, França e Itália – se tornar na “principal rede pan-europeia de transações imobiliárias”.