Isabel dos Santos está de saída da estrutura acionista da Efacec e “com efeitos definitivos”. Depois do EuroBic, esta é a segunda posição numa empresa portuguesa da qual a empresária angolana se desfaz na sequência da divulgação dos Luanda Leaks.
A saída do capital da Efacec, onde Isabel dos Santos tem 67,2% através da Winterfell, uma empresa sediada em Malta, vai ser iniciada de imediato. O conselho de administração da empresa refere, em comunicado enviado às redações, que já nomeou assessores para essa operação.
Com a saída, Mário Leite da Silva, o braço direito da empresária, deixa de ser presidente da empresa. Também Jorge Brito Pereira, outra pessoa de confiança de Isabel dos Santos, abandona a liderança da assembleia-geral da Efacec. Isabel dos Santos tinha entrado em 2015 no capital da empresa portuguesa por €200 milhões.
Na quarta-feira o banco EuroBic informou que estava em curso o processo de venda dos 42,5% detidos pela empresária angolana, depois da decisão de cortar relações comerciais com entidades controladas pela empresária, na sequência dos Luanda Leaks, revelações de um consórcio internacional de jornalistas de alegados esquemas financeiros da empresária envolvendo desvio de verbas de empresas públicas. No mesmo dia, a filha do antigo presidente angolano tinha sido constituída arguida em Angola por alegada má gestão e desvio de fundos enquanto esteve na liderança da petrolífera Sonangol.
Ainda ontem foi anunciada a saída de três administradores ligados a Isabel dos Santos da Nos. Na empresa de telecomunicações, a empresária detém uma participação indireta de 26%, através da Unitel International Holdings e da Kento, sediadas respetivamente na Holanda e em Malta.
Ao contrário do que aconteceu com o EuroBic e agora com a Efacec, em relação à presença no capital da Nos e no da Galp – onde tem uma participação indireta de 6% – não houve até ao momento notícia de que pretenda vendê-las.
No comunicado enviado esta sexta-feira às redações, a comissão executiva da Efacec garante que está “vinculada a princípios de independência e de uma gestão sã, diligência e boa fé,” terminando o comunicado com uma “palavra de tranquilidade e confiança” a trabalhadores, clientes e fornecedores. “Em conjunto, conseguiremos manter e reforçar a posição da Efacec como uma referência nos setores onde atua, retribuindo a confiança de centenas de clientes em todo o mundo.”
Há cerca de duas semanas, questionada pela VISÃO sobre alegadas preocupações com o então arresto de bens da empresária em Luanda, a Comissão Executiva da Eface afirmava que “é alheia aos factos relatados nas referidas notícias, não sendo, deste modo, influenciada na sua atividade institucional e empresarial”.
No mesmo sentido, e ainda antes de serem conhecidos os documentos do Luanda Leaks, referia ainda que “nos últimos 4 anos a administração da Efacec reforçou a sustentabilidade da sua atividade, aumentando a sua produção, as suas vendas, o seu número de trabalhadores e a sua capacidade financeira, tenho sido capaz de recuperar de uma situação financeira difícil” e sublinhava a importância de deixar a todos os trabalhadores, clientes e fornecedores “uma palavra de tranquilidade e confiança”.