É parte de uma parceria entre Portugal, Alemanha e Índia, envolve um investimento total de €1 000 milhões, vai ajudar a moldar o futuro do setor automóvel e o seu desenvolvimento passa por Braga, que faz desta a casa para o projeto “mais importante” da Bosch.
O reconhecimento foi feito recentemente por responsáveis internacionais da multinacional de origem alemã, durante a inauguração da “peça” mais nova desta estratégia, o laboratório de condução autónoma, um espaço com 105 metros de extensão e 3 500 metros quadrados de área e que se destina a testes de condução com estes veículos.
Na unidade mais a norte (onde trabalham no total cerca de 3 700 pessoas), estão a ser desenvolvidos “produtos únicos no mundo” como os ligados à comunicação entre veículos e infraestruturas, revela Carlos Ribas (na foto). Entre eles, um dispositivo concebido com a Universidade do Minho, que se enquadra no nível mais elevado de autonomia automóvel e que começará a ser produzido em série em 2022.
“Queremos ser os primeiros a instalar esse dispositivo de nível 5 no mercado,” referiu o representante do grupo Bosch em Portugal esta sexta-feira, num encontro com jornalistas, no qual estimou que o investimento em projetos de investigação e desenvolvimento para este ano em Portugal possa superar os €100 milhões. No ano passado foram investidos em Portugal um total de €111 milhões.
A unidade de Braga (Bosch Car Multimedia) é uma das três que o grupo tem no País e onde no ano passado foi inaugurado um centro de tecnologia e desenvolvimento para a condução autónoma. Em quatro anos, segundo dados da empresa, a faturação destas instalações duplicou e superou €1 000 milhões. “A área automóvel em Braga foi a que mais puxou pelo negócio,” sublinhou Carlos Ribas.
Além das instalações no Minho, o grupo tem ainda fábricas em Ovar (sistemas de videovigilância e comunicação) e Aveiro (central de soluções de água quente). Todas estão ligadas a universidades (Universidade do Minho com Braga, Universidade de Aveiro com a fábrica local e Universidade do Porto com a de Ovar) e no caso de Braga há 40 doutoramentos a decorrer nas instalações da multinacional alemã, um modelo de parceria encontrado em alternativa ao financiamento direto a iniciativas da universidade e que está a ser “copiado” por representações da Bosch noutros países, acrescentou o responsável.
No ano passado as vendas da unidade portuguesa do grupo Bosch subiram 13% para €1,7 mil milhões, com grande peso internacional – 95% para exportação dirigidas a mais de 50 países. Dois terços (67%) tiveram origem na área de soluções de mobilidade. As vendas a nível local ascenderam a €308 milhões.
Em termos globais a faturação do grupo aumentou a um ritmo menor (2,2%) para €78,5 mil milhões, e a Europa e o negócio das soluções de mobilidade representaram mais de metade deste valor. O número de colaboradores nas mais de 400 localizações cresceu em 7 700 para quase 410 mil.