Todos os anos o futebol contribui de forma direta com cerca de 450 M€ para o PIB nacional, o que corresponde a cerca de 0,25% da riqueza produzida no país. E, como tal, não posso deixar de concordar com o Dr. Daniel Sá, diretor do Instituto Português de Marketing, quando diz que “Não há, na sociedade Portuguesa, outro sector de atividade que leve tão rapidamente a imagem de Portugal a tanta gente em simultâneo.”
Adicionalmente, este é reconhecidamente um sector no qual nós temos alguns dos melhores recursos humanos do mundo. Ora vejamos: segundo a Forbes, temos o terceiro melhor agente de mundo, Jorge Mendes, um verdadeiro investidor de capital de risco, que tem sobre gestão mais de 662M€ em contratos, e um dos melhores gestores de equipas do mundo; José Mourinho, com provas dadas na internacionalização e com mais de 19 competições vencidas em Portugal, Itália, Espanha e Reino Unido é uma referência incontornável; e, por último, o capitão da nossa seleção nacional, Cristiano Ronaldo, um verdadeiro líder que aparenta ser quase sobre-humano, um verdadeiro artista ao qual poucos recordes devem faltar bater. Mas, pese embora todo este sucesso, ainda continuamos á procura de uma posição consolidada das empresas portuguesas na cadeia de valor deste desporto.
Isto reveste-se de particular importância numa fase em que este desporto parece estar a abrir-se para a inovação tecnológica e a disrupção. Senão vejamos: em 2017 a Liga apresentou no websummit o E-liga, uma plataforma que gere todos os detalhes do campeonato nacional em parceria com a Samsung e que já permitiu poupar mais de uma tonelada de papel, rompendo com uma tradição burocrática com mais de 100 anos. Internacionalmente, o foco deste ano é o Vídeo-Arbitro, já presente no nosso pais. No entanto, há outras iniciativas de igual poder disruptivo como as apresentadas pela SAP e pela SAS que permitem – através de Inteligência artificial – a análise da prestação de todos os jogadores em campo e, após a aprovação por parte da FIFA da utilização de alguns equipamentos eletrónicos por parte dos jogadores em campo, está aberto o caminho para a inovação tecnológica com aplicações concretas em tempo real.
Mas não é só de grandes empresas e organismos oficiais que se faz esta revolução. Em Portugal, também as nossas startups e incubadoras estão dar passos nesse sentido. No ano passado, tivemos a primeira edição de uma aceleradora de empresas dedicada ao sector, a Kick up Sports, que apoiou 10 startups na sua primeira edição e que promete que em 2018 terá ainda um maior foco no desporto-rei. E, em termos de negócios, já no terreno começam a aparecer os primeiros casos de sucesso como a Magicoach, que permite não só analisar a prestação de cada um de nós como atletas dentro de campo mas também compará-la com amigos e desconhecidos de todo o mundo.
Mas, seguramente, a nossa maior estrela no sector será a Mycujoo. Fundada há três anos pelos irmãos Pedro e João Presas, a Mycujoo tem hoje mais de 50 funcionários entre os escritórios de Amesterdão e Lisboa e com clientes em mais de 65 países. Com um crescimento verdadeiramente exponencial, esta startup de raízes lusas prevê transmitir mais de 16 mil jogos no ano de 2018 para um público de mais de 3 milhões de fãs por mês.
Com Portugal num momento único da sua história, com o melhor jogador do mundo, como campeão da europa e com tão galardoados e reconhecidos recursos humanos talvez seja importante fazermos também claque por esta seleção de empreendedores e dar palco a quem trabalha em inovação e tecnologia no sector, garantindo assim o nosso devido lugar entre os grandes da cadeia de valor.