O Banco de Portugal espera que o emprego continue a aumentar ao longo dos próximos dois anos, embora abrandando o ritmo de crescimento, devendo a taxa de desemprego cair abaixo do 6% em 2020. As exportações continuarão a ser o motor de crescimento da economia nacional, bem como o investimento e o aumento do consumo privado, pese embora abrandamentos nas subidas destes indicadores.
Segundo as projeções macroeconómicas divulgadas esta quarta-feira, 28 de março, pelo BdP, a taxa de desemprego deverá ficar em 5,6% em 2020 (fechou 2017 nos 8,9%), perante um aumento do emprego e subida ligeira da população ativa. Caso se confirme, será o valor mais baixo desde meados de 2002. Ainda assim, apesar do crescimento, o nível médio do emprego não terá nesse ano recuperado em relação ao pré-crise: ficará 1,6% abaixo do registado em 2008.
Repetindo os valores que já antecipava no boletim económico de dezembro, o BdP estima que o ritmo de crescimento da economia abrandará, passando dos 2,7% no ano passado para 2,3% em 2018. Nos dois anos seguintes, deverá ficar abaixo dos 2% – subida de 1,9% em 2019 e 1,7% em 2020 – com a procura externa a desacelerar e o PIB limitado por “constrangimentos estruturais.” A evolução está porém “em linha com o crescimento estimado pelo Banco Central Europeu para o conjunto da área do euro,” refere o BdP.
As vendas ao exterior deverão continuar a aumentar embora a ritmo mais lento, passando dos 7,2% previstos este ano para 4,8% em 2019 e 4,2% no ano seguinte. Em 2020, o país continuará a refletir a viragem da economia para o exterior, com as exportações a estarem 70% acima dos níveis que se verificavam antes da crise financeira internacional – no caso do turismo, mais do que duplicarão, estima a instituição liderada por Carlos Costa.
Tanto o investimento como o consumo privado continuarão a crescer, mas de forma mais moderada do que o verificado no ano passado. A formação bruta de capital fixo deverá crescer 6,5% este ano (depois de ter subido 9% no ano passado) e 5,4% em 2020. O consumo privado deverá desacelerar de 2,1% este ano para 1,7% em 2020.
“Depois de uma fase recessiva sem precedentes, a economia portuguesa deverá crescer a um ritmo superior ao potencial no período 2018-2020, tirando partido de um enquadramento internacional favorável,” refere o Banco de Portugal, que no entanto sublinha a existência de “fragilidades estruturais que não devem ser ignoradas,” que derivam de “desafios demográficos, tecnológicos e institucionais,” que condicionam a evolução da economia.
“A prevalência de taxas de crescimento da atividade mais elevadas, em Portugal e na área do euro, estará, por conseguinte, dependente de um maior crescimento da produtividade,” conclui.
Já a inflação deverá continuar longe dos 2% – depois de os preços no consumidor terem crescido 1,6% no ano passado, deverão evoluir 1,2% este ano e 1,5% em 2020.