As modalidades de alojamento local, que permitem a particulares o aluguer de habitações a turistas, poderão ter acrescentado em 2017 cerca de 5 milhões de hóspedes aos normalmente contabilizados na hotelaria. O valor – que ainda não está apurado –, é avançado como hipótese pelo presidente do Turismo de Portugal, no ano em que o número de hóspedes alcançou um recorde de 20,6 milhões.
“Não temos dados concretos, vamos começar a ter (…). Mas acredito que cheguemos facilmente aos 24, 25 milhões de hóspedes nas várias áreas de alojamento,” disse Luís Araújo em entrevista à Visão. “O alojamento local tem dado um contributo importante porque é a resposta a uma procura. E se a procura quer este tipo de oferta, temos de tê-la.”
Os dados estatísticos mais recentes disponíveis para esta tipologia de alojamento reportam a 2016, quando 2,6 milhões de hóspedes a escolheram para pernoitar em Portugal. O que significa que, no espaço de um ano – e à medida que o número de registos também cresce e torna a oferta oficial -, pode quase duplicar o número de hóspedes que passa a estar contabilizado.
Nos últimos sete meses o número de unidades de alojamento local registadas cresceu cerca de 25% e até 9 de março estavam incorporadas 59.764 destas unidades. Uma oficialização de oferta que é também efeito do cruzamento de dados que passou a existir entre as plataformas de alojamento e o Turismo de Portugal, obrigando a que os promotores indiquem o número de registo quando tornam a sua oferta visível em sites como o Airbnb.
“As pessoas foram fazendo o registo porque houve um trabalho intenso por parte da secretária de Estado do Turismo, por parte do Governo, em motivar, estimular que as próprias plataformas de alojamento só publicitem quem está legal,” salienta o presidente do instituto público. “Há uma sensibilização grande à oferta que está fora. O nosso papel é fazer com que venha para dentro da legalidade.”
Projeto Revive com “grande interesse” dos privados
Luís Araújo espera que, com quatro concursos já lançados no âmbito do projeto Revive – que pretende reabilitar património com relevância histórica ou cultural para desenvolver projetos turísticos -, mais se sigam nos próximos meses, com o objetivo de chegar aos 33 já identificados.
Três dos conjuntos patrimoniais postos a concurso já estão concessionados – o Hotel Turismo da Guarda ao grupo Manuel Rodrigues Gouveia – MRG; os Pavilhões do Parque D. Carlos I nas Caldas da Rainha ao grupo Visabeira e o Convento de São Paulo em Elvas, ao Vila Galé (este último já em obras) –, em que os edifícios serão adaptados a fins hoteleiros.
Há um quarto concurso ainda sem desfecho conhecido, lançado pela Universidade de Évora, que abrange o Convento do Bom Jesus de Valverde e a Quinta do Paço de Valverde naquela cidade alentejana.
“Temos recebido inúmeras manifestações de interesse – obviamente mais relativamente a uns ativos do que a outros, é como em tudo,” aponta o presidente do Turismo de Portugal. “Tem sido um projeto absolutamente extraordinário (…) que nos obrigou a trabalhar em conjunto com várias entidades, mostrando que se há vontade de todas as partes então o turismo pode ser uma solução para a reconversão daqueles equipamentos.”
Tratando-se de um trabalho de pormenor, que obriga a levantamentos exaustivos no terreno e à reunião de documentação histórica, o presidente do Turismo de Portugal não se compromete com um intervalo de tempo para que todos os 33 imóveis estejam concessionados e transformados em hotéis, restaurantes ou museus, num investimento conjunto que pode atingir os 150 milhões de euros.
“Há questões que são difíceis de antecipar, que se levantam durante a elaboração dos cadernos de encargo. É muito desafiante, é um trabalho de filigrana,” conclui.