Depois de o presidente norte-americano ter anunciado a intenção de taxar a entrada de aço e alumínio no país – anunciando uma guerra comercial com grandes potências como a China para, alegadamente, travar importações que prejudicam a indústria norte-americana – é a vez de a União Europeia mostrar que está pronta a retaliar.
Bruxelas está a preparar uma série de tarifas às importações de alguns dos produtos mais icónicos dos EUA, que incidirão sobre cerca de 2.800 milhões de euros em compras que os países europeus fazem todos os anos à maior economia do mundo. Em causa está, segundo a Bloomberg, a possível aplicação de uma taxa de 25% a produtos como motorizadas, jeans e whiskey, além de sumo de laranja e produtos industriais.
A agência noticiosa refere que a potencial retaliação acerta em cheio sobre produtos oriundos de Estados tradicionalmente republicanos – o partido que sustenta Trump -, como acontece no caso das motos Harley Davidson (cujo fabricante está sediado no Wisconsin) ou com o whiskey do Kentucky. Mas que a resposta pode também afetar Estados controlados por democratas, como a Califórnia (terra da Levi Strauss e maior produtor de fruta do país, incluindo citrinos).
A lista, discutida esta segunda-feira pelas autoridades europeias e que voltará a ser analisada na quarta-feira, inclui ainda produtos “made in USA” como cosméticos, embarcações de recreio, além de (e esta é a maior fatia) bens industriais e aço, a mesma matéria-prima cuja entrada nos EUA a Casa Branca se propõe taxar.
A intenção de Donald Trump aplicar tarifas alfandegárias de 25% sobre importações de aço e 10% sobre compras de alumínio ao estrangeiro alimenta receios de uma guerra comercial e já levou o Canadá a ameaçar responder na mesma moeda, com o primeiro-ministro Justin Trudeau a considerar que a medida é “inaceitável” e “não faz qualquer sentido.” O Canadá exporta 90% da sua produção de aço para os EUA. Na sexta-feira, em declarações à CNBC, um antigo embaixador norte-americano em Pequim, Max Baucus, disse acreditar que a “China provavelmente retaliará de alguma forma.”
Durante o fim de semana, quando surgiram as primeiras reações de Bruxelas às tarifas, o chefe de Estado dos EUA tinha ameaçado ir mais longe e taxar também a compra de carros europeus. A ideia de taxar produtos de origem norte-americana já tinha sido aflorada na sexta-feira passada pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. “Também sabemos fazer coisas estúpidas,” ameaçou. A Comissão Europeia pondera ainda apresentar queixa contra Washington na Organização Mundial do Comércio.