A revista Exame volta a publicar em 2017 a lista dos 25 mais ricos de Portugal. E apesar de este ano o estudo ter sido ensombrado pelo falecimento de Américo Amorim, que liderou o ranking durante anos consecutivos, a revista decidiu manter a fortuna da família herdeira do empresário unificada na primeira posição, com 3,84 mil milhões de euros. Isto porque, além de ser prematuro avançar com divisões de património, a avaliação foi atualizada com valores bolsistas de dia 5 de julho, data em que o empresário ainda era vivo.
Assim, este ano, a riqueza conjunta das 25 famílias portuguesas mais afortunadas ascende a cerca de 18,8 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 10% do PIB nacional, que atingiu os 184,9 mil milhões de euros em igual período de 2016. Este valor representou um crescimento absoluto de quase quatro mil milhões de euros face ao valor registado a meio de 2016. Só os três lugares do pódio – família Amorim, Alexandre Soares dos Santos e família Guimarães de Mello – ascendem, em conjunto, a 7,844 mil milhões de euros, um crescimento em valor de cerca de mil milhões de euros face ao ano anterior.
A fortuna de Américo Amorim, falecido este mês de julho, aos 82 anos, ascendeu pela primeira vez ao primeiro lugar do ranking da Exame em 2008, altura em que destronou o habitual número 1, Belmiro de Azevedo, atualmente em quarta posição, com uma fortuna de cerca de 1,31 mil milhões de euros. Em 2007, o fundador do grupo Sonae ainda contabilizava uma fortuna de cerca de 3 mil milhões de euros, a mais alta avaliação de sempre. Desde então as cotações das várias empresas em Bolsa penalizaram o património do empresário que cedeu então o primeiro lugar do pódio a Américo Amorim, cuja avaliação ascendeu na altura a 3,1 mil milhões, devido à forte valorização da Galp, a maior empresa portuguesa, a qual controlava com a empresária angolana Isabel dos Santos.
Desde essa data Américo Amorim apenas foi destronado uma única uma vez, em 2012, por Alexandre Soares dos Santos, maior acionista individual da Sociedade Francisco Manuel dos Santos, empresa que une os vários elementos da família dona de 56% do capital da Jerónimo Martins, que detém, entre outras, a insígnia Pingo Doce. Alexandre Soares dos Santos mantêm-se estável este ano na segunda posição, com uma fortuna bolsista de 2,53 mil milhões de euros, uma considerável valorização face ao contabilizado em 2016, que se ficou pelos 2 mil milhões de euros. A terceira posição do pódio é ocupada pela família Guimarães de Mello, encabeçada pelo empresário Vasco de Mello, cuja fortuna cresceu para os 1,47 mil milhões de euros, em boa parte devido aos bons resultados da Brisa, empresa que a família lidera.
As maiores subidas no ranking
Mais uma vez se verifica que as fortunas industriais não cotadas em Bolsa são as mais estáveis, e as indexadas à Bolsa são as que mais oscilam. Assim, as maiores valorizações patrimoniais deste ano foram protagonizadas, além, claro, dos primeiros lugares já analisados, pelos empresários Pedro Queirós Pereira e António Mota, ambos com a maior fatia da sua fortuna em valores mobiliários. António Mota e suas irmãs registaram este ano uma recuperação considerável, pois a construtora da família, a Mota-Engil, cotava a 2,43 euros a 5 de julho, contra os 1,70 euros registados há cerca de um ano, atribuindo-lhes este ano uma fortuna de 422,1 milhões de euros. Também Pedro Queirós Pereira e sua mãe, Maud Santos Medonça, conseguiram igualmente uma boa recuperação, passando de 341 milhões de euros em 2016 para 569 milhões de euros em 2017. Isto porque a Semapa, empresa cotada que detém o grupo Secil e a Navigator Company (ex- Portucel Soporcel), é detida em 71,9% pela Sodim, sociedade controlada pela família de Queirós Pereira. A Semapa cotava a 17,1 euros à data da avaliação, o que compara com os 10,60 euros registados há cerca de um ano.
O ranking tem também este ano novas entradas: a família Silva Domingues, que partilha a BA Glass com Carlos Moreira da Silva, que já entrou para a lista no ano passado, e a família do empresário Luís Portela, dona da Bial. Atuam ambas na área industrial: a primeira na indústria vidreira, a segunda na indústria farmacêutica. A família Silva Domingues ficou na 21ª posição, com um total de 295 milhões de euros devido à boa performance da BA Glass, empresa que controla a ex-Barbosa e Almeida, fundada em 1912. A família Portela entrou para a última posição, com um património industrial de 217 milhões de euros. Foi o último a entrar na lista, mas não será, com certeza, o único ano em que estará presente, pois os seus planos estratégicos passam por fazer crescer ainda mais a empresa a nível internacional.
Top 10 de 2017
1 – Família Amorim – 3.840 milhões de euros
2 – Alexandre Soares dos Santos – 2.532 milhões de euros
3 – Família Guimarães de Mello – 1.471 milhões de euros
4 – Belmiro de Azevedo – 1.311 milhões de euros
5 – António da Silva Rodrigues – 1.038 milhões de euros
6 – Família Alves Ribeiro – 952,3 milhões de euros
7 – Fernando Figueiredo dos Santos – 664,6 milhões de euros
8 – Maria Isabel do Santos – 664,6 milhões de euros
9 – Fernando Campos Nunes – 575,3 milhões de euros
10 – Maud e Pedro Queirós Pereira – 569,2 milhões de euros