As ESG Talks têm o apoio do novobanco
O episódio que envolveu a saída da ex-administradora Alexandra Reis da TAP é um exemplo da forma “deficiente” como as empresas do Estado lidam com a governança corporativa, garante João Moreira Rato, no evento ESG Talks – uma iniciativa do novobanco em parceria com a VISÃO e a EXAME, com os knowledge Partners Nova SBE e PwC.
Na sua intervenção, o presidente do Instituto Português de “Corporate Governance” (IPCG) diz que “há duas áreas em que vamos tentar estar mais presentes: nas pequenas e médias empresas e no setor empresarial do Estado”, uma vez que são dois setores que estão muito atrasados num cumprimento do código estabelecido.
O Código de Governo de Sociedades foi publicado em 2018. Mais tarde, em 2020, substituiu o Código de Governo da CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. E já este ano foi revisto para incorporar novos conceitos ligados à sustentabilidade.
Atualmente, este documento de 33 páginas é seguido por quase 40 grandes empresas, com várias recomendações sobre boas práticas de governo societário. Mas, lembra Moreira Rato, não existe uma medida única onde todas as empresas encaixam.
Moreira Rato aponta um outro ponto onde as empresas portuguesas, no global, estão um passo atrás face às congéneres europeias: a independência dos membros da administração. “A independência é muito difícil de estabelecer. O país é pequeno, com caraterísticas sociais próprias que, na maioria das vezes, não são as melhores para trazer para dentro de uma empresa”, adianta, lembrando os “escândalos antes de 2014” em Portugal, com “vários casos de conflitos de interesse”.
“A evolução destes últimos 20 anos tem sido positiva, o código está a ser bem estabelecido e adotado pelas empresas, mas falta-nos dar o próximo passo nessa questão da independência para podermos ser o melhor da turma”, conclui.
João Moreira Rato trabalhou na banca de investimento como o Goldman Sachs, o Lehman Brothers e o Morgan Stanley, em Londres. Mais tarde, foi presidente do IGCP, agência que gere a dívida pública. Esteve no Banco CTT enquanto “chairman” até este ano.