A EDP pretende atingir o ‘net zero’ até 2040. A elétrica tinha já definido como objetivos o abandono do carvão até 2025, e a neutralidade carbónica até 2030, mas agora a estratégia ambiental da empresa está ainda mais ambiciosa, uma vez que para cumprir os requisitos ‘net zero’ não basta neutralizar as emissões de carbono que resultam da sua atividade – terá de o fazer, também, com as emissões indiretas geradas ao longo de toda a cadeia de valor. Incluindo fornecedores e clientes.
Para as Nações Unidas, esta neutralidade carbónica total é indispensável para se conseguir cumprir com as metas estabelecidas no Acordo de Paris, e limitar a subida da temperatura média a 1.5°C (para conter as alterações climáticas). A organização coordena a campanha Race to Zero, com o objetivo de sensibilizar o maior número de Estados, empresas, instituições públicas e privadas no sentido de vencer esta corrida até 2050. Ao antecipar o objetivo em uma década, a EDP colocou-se na vanguarda da descarbonização da economia e da transição energética.
Com o encerramento da central termoelétrica de Sines, que será reconvertida para produzir energia renovável, incluindo hidrogénio verde (ver caixa), a EDP deixou de produzir eletricidade a partir do carvão em Portugal em 2021, reforçando a aposta na geração de energia a partir de fontes renováveis, e está no bom caminho para conseguir uma redução de 98% nas emissões de CO2.
Uma nova estratégia para um amanhã melhor
A ambição de ser um agente de mudança sai reforçada com uma nova estratégia, que passa a estar centrada em cinco eixos de ação:
1 – Descarbonizar para liderar a transição energética, o que implica, por exemplo, transitar as frotas para veículos 100% elétricos, ou fornecer cada vez mais soluções de baixo carbono, como a energia solar descentralizada.
2 – Capacitar as comunidades, dando prioridade ao emprego local e à requalificação da mão de obra.
3 – Proteger o planeta para alcançar um impacto positivo, apostando em soluções baseadas na natureza, como a reflorestação para promover a regeneração dos ecossistemas, ou criando sistemas de eclusas nas barragens que permitam a reprodução natural das espécies.
4 – Envolver os parceiros para uma transformação com impacto, influenciado a sua atividade no sentido de reduzirem as suas próprias emissões de CO2. A EDP pretende ter 100% de fornecedores ESG comprometidos com os objetivos de sustentabilidade.
5 – Impulsionar uma forte cultura ESG (ou ambiente, social e governance), o que será conseguido incorporando valores e práticas de sustentabilidade em toda a atividade, para promover a mudança de mentalidades, ou reforçando os procedimentos relacionados com a prevenção de acidentes.
Já não se trata apenas de limitar o impacto da atividade sobre o ambiente, mas ter um efeito positivo no planeta. Para isso, todas as prioridades estratégicas da EDP estão alinhadas com a descarbonização da economia e com a transição energética. Só assim será possível contribuir para criar um futuro (ainda mais) verde.
EDP e Sines, um case study em Davos
O trabalho que a EDP está a realizar em Sines, após o fecho da Central de Carvão, foi apresentado como um exemplo de boas práticas da transição energética no último Fórum Económico Mundial, que reúne todos os anos os principais líderes políticos e empresariais em Davos, na Suíça.
Recorde-se que a produção a carvão responde ainda por 44% das emissões de CO2 a nível mundial, razão pela qual o FEM alertou para a imperatividade do seu fim, como forma de atingir os objetivos de net zero na agenda climática global. Criou até um ‘Kit para a transição do carvão para as renováveis’, uma espécie de manual que reúne casos de sucesso em diferentes áreas, sendo um dos casos em destaque o programa Futuro Ativo Sines, promovido pela EDP para apoiar as comunidades locais no processo de transição após o fecho da central.
O objetivo será reconverter aquele espaço num grande centro de produção de energia verde, em especial de hidrogénio renovável. Mas o plano passa também por minimizar o impacto desse encerramento junto dos trabalhadores, com soluções que podem passar pela requalificação de competências, pela reforma antecipada, pela aposta na mobilidade interna ou até pelo apoio à criação de startups. Nesse sentido foi criado o programa de empreendedorismo Nau, ao abrigo do qual foram já selecionados 17 projetos.