A politização do clima
Numa réplica daquilo que aconteceu a propósito de outros problemas eminentemente científicos (mais recentemente, a discussão sobre os benefícios e os malefícios da vacinação contra a Covid é, porventura, o melhor exemplo), a sociedade está a fraturar-se, na linha de tribalismos ideológicos, em torno da questão do clima
Quo vadis, IL?
Sou, imagino que sem surpresa para os leitores que têm paciência de acompanhar os meus escritos, dos que acreditam que a IL acrescentou à nossa comunidade política. Por três razões que gostava de explanar com brevidade
Pelos descaminhos da Igreja
A Igreja Católica é hoje uma instituição profundamente doente. Nem falo já do humilhante papel que continua a reservar para a mulher. E que, no meu espírito, faz de cada católica uma heroína capaz de suportar afrontas rituais quotidianas para poder viver no seio da comunidade a que escolheu pertencer. Falo, sobretudo, porque é mais relevante para esta discussão concreta, da sua relação com o sexo
O pecado original
Mas há também uma segunda verdade que precisa de ser dita: há um pecado original na composição deste Governo que explica muito desta entropia e desta consequente falta de capacidade reformista
Um lugar de ruidoso silêncio
É certo que a ideia pacóvia de decretar três dias de luto nacional em Portugal é isso mesmo: uma ideia pacóvia que merece ser ridicularizada. Mas com os diabos. Vale a pena que nos tomemos de calores para ressuscitar, como se não houvesse amanhã, a morta e enterrada questão monárquica?
Crónica de uma queda anunciada
Marta Temido foi-se penosamente aguentando no cargo, apesar da razão que há muito tempo deveria ter levado à sua demissão. Razão essa que é tão furiosamente relevante como prosaica: Marta Temido foi uma má ministra da Saúde
Da responsabilidade política
Entendamo-nos. O PS não começou exatamente ontem a governar o País. Governa-o ininterruptamente desde 2015 e dirigiu-o durante 15 dos últimos 22 anos. Não seria saudável que, em vez de encomendar mais um estudo que estará pronto lá para as calendas, quando o tema dos incêndios tiver saído da agenda mediática, estivesse disponível, desde que se tornou claro que vamos ter mais um ano dramático, para assumir um mínimo de responsabilidades políticas?
A guerra existencial
Draghi acaba por cair como vítima das contradições insanáveis da aliança que liderava e dos calculismos imediatistas dos partidos que a integravam. Se a queda não é absolutamente surpreendente, a verdade é que as consequências que arrasta são absolutamente imprevisíveis
O Estado contingente
A governação socialista, confrontada com limitações orçamentais que entendeu (e bem) respeitar, escolheu o caminho da ilusão
O grande tabu
A verdade é que temos um problema (que é ter um SNS em degradação acelerada) e só não o vê quem fizer um grande esforço para o não ver
O primeiro dia da vida de um partido médio
É evidente que as lideranças contam, as conjunturas também (e vivemos numa particularmente volátil), mas, com toda a franqueza, não vejo que seja fácil o PSD voltar a ser um partido hegemónico no espaço da direita
Males que deviam vir por bem
Ha oito anos (!) que era mais do que previsível que esta bomba rebentaria, sendo que ninguém achou boa ideia fazer o que quer que fosse para lidar com o problema, impedindo que o problema se avolumasse até se transformar no kafkiano berbicacho que hoje temos pela frente
Omeletes sem ovos e outras receitas
Faria, portanto, melhor o Presidente se, em vez de continuar a fazer listas de compras, ajudasse os portugueses a refletir sobre a razão pelas quais não as podem fazer
A democracia liberal e a culpa coletiva
A melhor forma de lidar com as deliberadas provocações de André Ventura não é segui-lo numa luta na lama. Esse é o território onde ele se move bem, em que chafurda com visível prazer e mestria
Um PR vigilante "ma non troppo"
Esteve muito bem Marcelo ao dizer desde já ao que vem e ao recusar repetir com Costa o erro clamoroso que Sampaio cometeu com Durão Barroso (a quem, aliás, o tal prestigiado País nunca perdoou)
Tempos de chumbo e de esperança
Obriga-me a razão a reconhecer que os sonhos de uma qualquer “Operação Valquíria” para depor Putin através de um golpe interno são, a curto prazo, mais do domínio do desejo do que da dura realidade
O homem mais livre de Portugal
Não será exagero proclamar que a questão política mais relevante do momento é precisamente a de saber o que vai António Costa fazer com tanta liberdade. E a esse respeito há, no essencial, duas teses em confronto
Quem liderará a oposição?
Ao contrário do que subitamente toda a gente afinal sempre soube, continuo convencido de que Rio não fez tudo errado
Dir-se-ia que caminhamos como sonâmbulos
O País tem caminhado em direção a uma muralha de envelhecimento, a um declínio demográfico, a um desafio verdadeiramente existencial que ninguém parece interessado em ver e muito menos discutir