De onde vem este prazer coletivo?
Temo que a fraca apologia da democracia e do Estado de direito, aliada aos oportunistas políticos que inventam um País podre e um regime acabado, com respaldo numa certa comunicação social, seja causa forte deste riso horripilante
A direita e o regime
Traçar fronteiras com quem não as traça em relação à extrema-direita é um imperativo ético--democrático. Cabe ao PSD saber de si, lutar pelo grande partido que é e ser propositivo no campo normal da política que, em cada concretização legislativa, nos pode unir
Corrupção ou o debate quase impossível
Pretender que houve, há ou haverá alguma relutância por parte do PS em combater a corrupção é desmentido pela História e pelo presente, resultando a façanha de uma postura conspirativa amiga do pior que vai acontecendo à política
Vai para a tua terra
São muitas as vozes que perdem tempo exclusivamente a explicar que “deportar” Mamadou Ba não faz sentido “porque ele é português”. Perdão? E se não fosse? Estamos no grau zero da interiorização do racismo luso, porque a questão é mesmo a de o cidadão em causa ser negro
A saúde que temos o dever de proteger não é uma coisa abstrata
Bem pode André Ventura vociferar contra o facto de seres humanos que não tem por “pessoas de bem” terem, em Portugal, direito à saúde, mas o facto não está sujeito a debate e convinha que a comunicação social, desde logo, soubesse disso. Deveria aprender-se na escola, aliás, que dignidade da pessoa humana é também assegurar que a pobreza nunca é causa de recusa de serviços de saúde
Não davam posse a um Governo apoiado pelo Chega? Como assim?
O Chega foi legalizado e até que o Tribunal Constitucional, por iniciativa do Ministério Público, mude de entendimento, tem os mesmos direitos que os restantes partidos políticos. O voto popular num partido que tenho por inimigo vale tanto como o voto no meu partido
O PSD e a pobreza da legitimidade formal
O PSD sabe que o problema maior não é o CHEGA, mas o que está para além desse ensaio crescente de extrema--direita racista e xenófoba, essa multidão invisível, por enquanto, que pulula por outros cantos, ainda sem forma, à espera de uma oportunidade
O palco e o regime
Sendo palco, a verdade é que o regime vai lidando com isto. Que fazer? Tomar uma posição clara. Se André Ventura facilita tanto na construção de uma trincheira, não se desculpem os partidos de direita, especialmente o PSD, na demarcação
No final da sessão legislativa
Queremos uma mais equilibrada ponderação das restrições à nossa liberdade, já agora, digo eu, com intervenção parlamentar, para que não sejamos, por exemplo, impedidos de comprar álcool num supermercado depois das 20 horas
O campeonato do Francisco é outro
Enquanto o Ministério da Educação insistir em disponibilizar os dados e os órgãos de comunicação social apostarem vendas em pódios de escolas, eu pensarei nos Franciscos deste País. As escolas são caixas de cimento com grades a cercar a sua área. Algumas nem espaços verdes têm, mas lá dentro estão pessoas, acreditem. Pessoas que ousam não desistir, mesmo quando os pódios vendidos em forma de manchetes remetem o esforço e a energia de anos a fio para os últimos lugares de um ranking
Os populistas já não andam sós
A Ordem dos Médicos quer afirmar que se a lei em causa for aprovada carece de legitimidade. Acontece que este ruído faz esquecer que a Assembleia da República representa os cidadãos e as cidadãs verdadeiramente, isto é, todos eles, na pluralidade das correntes políticas e sensibilidades existentes e tem competência reservada na matéria em causa. O lugar da legitimidade, quando falamos de morte assistida, chama-se Parlamento e mal estaríamos se uma ordem profissional, que recebe poderes delegados do Estado, o questionasse
É agora que ele diz o que pensa
O Ventura oportunista foi o que escreveu o doutoramento, para depois servir--se de um grande partido, o PSD, na mesma senda oportunista, como barriga de aluguer das suas ideias de extrema-direita
Retirem-nos a liberdade – o abominável consenso
Uma sociedade que reage com alívio à restrição da sua liberdade, uma sociedade que normaliza o sobrevoo de drones, uma sociedade que não debate a restrição das suas liberdades, não anda bem
Racismo – Política reparadora
Assumir o combate antirracista como central é, além do mais, perceber que o seu contrário será – como se está a ver – o terreno fértil da extrema-direita. A extrema-direita sabe que os temas que usam animar o seu campo estão, em parte, tomados, pelo que descobriu a pólvora, o racismo, que é pólvora precisamente porque o racismo é real e só um alucinado a viver no país orgulhosamente só poderá ficar ofendido com o adjetivo
O bispo do Porto e a democracia
Um discurso de defesa das instituições não estaduais que passe pela diabolização do Estado social é um discurso extremista que se vira contra quem o profere
Em defesa da política e das ideologias
O aparente lugar neutro da não ideologia que levou a direita, em cada debate relevante, a acusar as esquerdas de se cristalizarem na ideologia e não “nas pessoas” – basta recordar a discussão sobre a Lei de Bases da Saúde – é todo um programa ideológico não confessado. E por isso perigoso
"Os portugueses e as portuguesas não se deixaram enganar"
"Precisamos de um governo para quatro anos", sublinha a candidata do PS e colunista da VISÃO, Isabel Moreira. Os primeiros comentários, ainda sem resultados definitivos, à vitória nas legislativas
A onda reacionária
Se a direita decente não se defende, é bom que a esquerda perceba que à primeira crise internacional que troque as voltas ao poder, há uma onda conservadora, populista e antidemocrática pronta para o Portugal dos pequeninos
PS: rever e continuar
Foi possível construir uma sociedade mais justa e inclusiva, do ponto de vista das políticas económicas e sociais – com contas certas – ao mesmo tempo que se removeram obstáculos legais incompreensíveis do ponto de vista científico e constitucional à felicidade de adultos e crianças
Crimes sexuais e crime de violência doméstica – mitos
É errada a perceção de que as mulheres são vítimas de crimes sexuais e do crime de violência doméstica porque a lei é má
Não foi o PS que mudou
O episódio dos professores foi o epílogo de uma direita perdida. PSD e CDS juntaram-se ao BE e ao PCP para darem a mão a Mário Nogueira, enganando os professores e violando a coesão social: mostraram de forma estridente o quanto mudaram