Acordei com esta música dos R.E.M. na cabeça. “É o fim do mundo como o conhecemos (e eu sinto-me bem)”, canta Michael Stipe.
Não tenho grandes dúvidas porquê: adormeci com o pensamento de que o suposto líder do mundo livre é um incendiário que decidiu atear fogo à economia. Não me lembro se sonhei com isso, mas sei que acordei com a sensação de estarmos a viver um pesadelo.
A instabilidade provocada pela guerra das tarifas está aí, a toda a brida, a ameaçar destruir a globalização, o sistema que equilibrou o mundo e que, apesar de todos os seus defeitos, nos trouxe progresso e relações relativamente cordiais entre os Estados – e boas relações comerciais são a melhor forma de evitar conflitos.
Sim, o presidente dos EUA decidiu suspender as tarifas por 90 dias à maior parte dos países, mantendo “apenas” uma tarifa-padrão de 10% para todos, mas a confiança nos pilares da economia global está perdida. E daqui a 90 dias? Ou amanhã, se ele acordar virado para o lado errado? Quem nos salva desta aleatoriedade? Que empresa vai investir num mercado estupidamente imprevisível? Que país volta a confiar na maior economia mundial?