Vozes do sul, da periferia, dos oprimidos, dos fundos da História, das gavetas por abrir, das grandes transições – e vozes que falam em português, com sotaque-sambinha em fundo. As nomeações para os prémios mais valorizados da indústria cinematográfica foram finalmente anunciadas ontem numa Los Angeles ainda a arder. E Ainda Estou Aqui é agora o primeiro filme falado em português nomeado para três dos galardões mais importantes da noite dos Oscars. Está-se a fazer história, diga-se e repita-se. A película realizada por Walter Salles foi nomeada nas categorias Melhor filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz – Fernanda Torres a vestir a euforia lusófona, e está em competição com Cynthia Erivo por Wicked, Mickey Madison em Anora, a ressuscitada Demi Moore com A Substância e Karla Sofía Gascón por Emília Pérez. A atriz brasileira de 59 anos escreveu nas redes sociais, com instinto ponta e mola, logo a seguir ao anúncio realizado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: “A vida presta e muito. Confie. Beijo imenso, Fernanda.” E porque há sempre uma história dentro da história, não falta quem diga que Fernanda filha vai fechar um círculo, 26 anos depois da Fernanda-mãe – a grande Fernanda Montenegro – ter competido igualmente na categoria de Melhor Atriz pelo filme Central do Brasil, também realizado por Salles.
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