No outono de 2018, por aí, um amigo estrangeiro, residente numa das zonas mais ricas de uma das principais economias europeias, caminhava, maravilhado, por uma Lisboa vibrante, com muitos turistas e pouco lixo (ou, como se diz agora, com “a perceção” de pouco lixo), ao mesmo tempo que elogiava a preservação das colinas, o pitoresco dos bairros típicos ou a modernidade dos serviços. “Adorava cá viver”, repetia constantemente.
O estrangeiro lamentava-se muito do seu país-natal, que, dizia, vivia em tensões sociais, promovidas pela polarização político-partidária, promovida por movimentos populistas (de esquerda e de direita), entregue a discursos impossíveis de serem levados a sério, feitos por políticos pouco confiáveis, visivelmente incompetentes para resolver os problemas reais do dia-a-dia. “Parece um circo”, suspirava. “É uma tragédia”, resumia.