Uma amiga ligou-me ontem, ao final do dia, com a habitual questão: “Como estás?”. Depois dos primeiros minutos de conversa sobre as vidas de ambas, atirou-me a frase “vou fazer-te perguntas estranhas”. E começou: “Tens uma lanterna em casa? Pilhas? Comida enlatada? Dinheiro vivo? Iodo? Não tens iodo? Devias ter”.
Não foi preciso dizer mais nada, e o nosso telefonema não se cingiu às perspectivas trágicas que o escalar do conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ter para o mundo. Porque isso não mudaria nada. Na verdade, passámos o resto do tempo a acertar agendas para o futuro próximo, ainda que de quando em vez ela atirasse um “isto se ainda houver planeta”.