Caro leitor, podia vir aqui falar-lhe do êxodo bíblico e da saída dos israelitas do Egito em busca da terra prometida (em minúsculas, porque esse passado imaginado parece diminuto face à realidade). Mas, de repente, até as dez pragas parecem inofensivas – mesmo a última, a da morte dos filhos mais velhos de todas as famílias egípcias, afinal evitável graças ao sacrifício de cordeiros.
Uma pessoa olha a Faixa de Gaza no mapa, nota como Rafah está coladinha ao vizinho Egito, e põe-se a relembrar o que aprendeu na catequese, no tempo em que acreditava ser Deus omnipotente, omnipresente e omnisciente. Mas, agora que os palestinianos refugiados naquela cidade da zona sul de Gaza foram vítimas de ataques aéreos antes de terem tempo para obedecer a uma nova ordem de evacuação, mais do que dar pela reviravolta da história, questiona-se: por onde anda Ele?
A pergunta é obviamente retórica.
No plano terreno, temos que o exército israelita bombardeou ontem vários bairros de Rafah cujos residentes haviam recebido ordens para se retirarem para uma “zona humanitária”, por estar iminente uma operação militar supostamente cirúrgica. O Governo de Israel avisara que seria uma operação temporária e “de âmbito limitado” à parte oriental da cidade, mas não que ela aconteceria com as pessoas ainda em movimento.
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