Já toda a gente (ou quase) percebeu que o atual formato de debates deixa muito a desejar em termos de esclarecimento sobre as propostas e prioridades dos vários partidos com assento parlamentar que vão disputar as eleições legislativas de 10 de março. Cerca de 15 minutos para cada interveniente (se o moderador não se lembrar de lhes roubar o palco) é manifestamente pouco para aprofundar qualquer assunto e expor com um mínimo detalhe um programa de governo. A forma sobrepõe-se facilmente ao conteúdo; o estilo, a personalidade do político, a capacidade (ou falta dela) de ter uma réplica eficaz e no timing certo são os principais ingredientes desta arena política feita espetáculo televisivo, ou vice-versa. Dito isto, toda a gente (ou quase…) acaba a espreitar os debates, a debater os debates, a debater os comentadores que debatem os debates… Não deixa de ser curioso que alguns desses comentadores nos media dão mesmo um valor numérico à performance dos candidatos, como se estivéssemos perante um festival da canção ou um campeonato de patinagem artística – prática que levanta várias questões: avalia-se a eficácia a partir da estratégia pensada pelo candidato mesmo que a achemos péssima? Avalia-se a consistência das medidas apresentadas a partir da nossa própria mundividência e preferências? Avalia-se o “espetáculo” proporcionado, mesmo sabendo que uma competente apresentação de propostas governativas pode ser algo de particularmente entediante nas televisões em horário nobre?
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