Se nada de especial acontecer nas próximas horas, a cimeira mundial do clima, que deveria encerrar hoje, após duas semanas de trabalhos, no Dubai, arrisca-se a entrar para a história como um dos maiores fracassos globais no combate às alterações climáticas. E, dessa forma, a dar também uma machadada final na credibilidade de um fórum que, ano após ano, tem acabado por se transformar em mais uma megaevento mediático, em que todos os governantes e líderes mundiais fazem questão de comparecer e de subir ao palco para proclamar grandes tiradas sobre a urgência da defesa do ambiente, mas em que, no final, se torna impossível encontrar o consenso necessário para aprovar as medidas urgentes para combater a crise climática.
O filme das últimas semanas no Dubai foi, nessa medida, a ilustração exata do carrossel de esperanças e desilusões em que estão enredadas cada vez mais as cimeiras do clima, onde o documento final tem de ser adotado por consenso de todos os negociadores dos quase 200 países presentes – o que faz com que, na prática, qualquer um tenha quase um direito de veto e o poder de bloquear medidas ou frases com que não concorde.
No início dos trabalhos, era grande a expetativa de que, finalmente, esta cimeira ia ser o momento da verdade para os combustíveis fósseis – cujos gases libertados para a atmosfera são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Segundo o consenso científico, as emissões de petróleo, gás e carvão deveriam reduzir quase para metade (43%) até 2030, se o mundo quiser continuar a limitar o aumento da temperatura média global a 1,5ºC em relação aos valores pré-industriais. E, a seguir, para tentar impedir a ocorrências de mais fenómenos climáticos extremos como as ondas de calor, secas e inundações que têm irrompido pelo planeta, reduzir as emissões a zero até 2050.
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