Após meses de paralisia política, o socialista Pedro Sanchez conseguiu ser ontem investido para um terceiro mandato como presidente do governo de Espanha, contrariando todas as previsões feitas há cerca de seis meses, quando o seu partido sofreu uma derrota histórica nas eleições regionais e municipais de 28 de maio. Nessa altura, com a morte anunciada, Sanchez reagiu, com a determinação de quem está disposto a lutar pelo poder até ao fim. Antecipou a realização de eleições para 23 de julho e, com surpresa, conseguiu estancar a subida dos partidos de direita, PP e Vox, que ficaram longe da maioria absoluta. Negociador hábil, iniciou imediatamente o processo que teve ontem a sua conclusão: a construção de uma coligação com o apoio de oito partidos, que exigiu um controverso acordo de amnistia com os separatistas catalães, mas que, no final, lhe rendeu um total de 179 votos a favor no Parlamento (e 171 contra).
Visto sob qualquer prisma, esta é a vitória pessoal de um político que, entre os apoiantes e os detratores, faz esgotar todos os adjetivos, quando se trata de classificar a sua resistência, capacidade de negociação e, acima de tudo, a arte de governar como um equilibrista no arame – parece sempre que vai cair, mas continua a sua marcha, imparável, indiferente aos gritos e aplausos da multidão. O seu registo é impressionante e, em muitos momentos, as reviravoltas de Sanchez fazem lembrar as célebres remontadas do Real Madrid, capaz de virar qualquer resultado nas competições europeias, devido ao medo cénico que os adversários encontram no relvado de Chamartin.
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