Na semana que passou foi conhecido um relatório do Observatório do Futebol, um grupo de pesquisa associado ao Centro Internacional para Estudos do Desporto, que muitos em Portugal entenderam como sinal muito positivo quando ao estado do futebol português. O estudo conclui que o Benfica foi o clube que, em todo o mundo, maior lucro registou em transferências (saldo positivo entre aquisição e venda) de jogadores nos últimos dez anos. Registou também os excelentes desempenhos de Sporting (5º), FC Porto (6º) e Sporting de Braga (12º) nesta matéria. E mostra, por via dos sucessos dos “quatro grandes”, que a Liga Portuguesa foi também o campeonato mundial de futebol com maiores lucros na compra e venda de jogadores entre 2014 e 2023.
Para os fanáticos ou mais distraídos, esta foi uma informação preciosa para esgrimir na eterna guerra clubística. Poder dizer que “o meu clube ganha mais dinheiro do que o teu” e, assim, ganhar uma discussão à mesa do café ou num “duelo” de paineleiros de uma qualquer cadeia de televisão, parece bastar para quem diz gostar de futebol, mas que, na realidade, gosta apenas do seu clube. Quem se preocupar em ir além da brutalidade dos milhões perceberá que estes resultados no mercado de transferências dizem muito mais sobre o atual subdesenvolvimento do futebol português do que sobre um hipotético sinal de crescimento.