Por mais festas, iniciativas e declarações que se façam hoje para assinalar o Dia da Criança, há uma constatação evidente que nos deveria obrigar a pensar e, acima de tudo, a agir com maior assertividade e com menor indiferença: o planeta que vamos deixar para os nossos filhos e netos está já em muito pior estado do que aquele que nos foi deixado pelos nossos pais e avós. Por mais que hoje proclamemos, em tom de festa, que o futuro pertence às crianças, a verdade é que estamos também a fazer tudo, coletivamente, para lhes hipotecar esse futuro, com uma dívida colossal no ambiente e até na forma como poderemos continuar a viver na Terra.
Perdoe-me o leitor esta abertura pessimista numa newsletter matinal na data em que se celebra o Dia da Criança. Mas é impossível olhar para o futuro com demasiado otimismo depois de se ler o estudo do grupo internacional de cientistas Earth Commission, publicado ontem à noite na prestigiada revista Nature, em que se revela, após aturadas investigações e medições de uma série de indicadores, que a Terra ultrapassou sete dos oito limites de segurança estabelecidos cientificamente. Ou seja: o planeta entrou na “zona de perigo”, em que o sobreaquecimento não só está a matar a Natureza, como também já ameaça, de forma porventura irreversível, o bem-estar dos humanos.
O estudo analisou o clima, a poluição do ar, a contaminação da água por fósforo e nitrogénio devido ao uso excessivo de fertilizantes, o abastecimento de águas subterrâneas, a água doce da superfície, o ambiente natural e humano em geral. De todos eles, o único em que ainda não se entrou na zona de perigo foi, curiosamente, o da poluição do ar.
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