O tema da corrupção é quase tão antigo como a vida organizada em sociedade. E desde sempre que duas correntes se dividem sobre se este vício faz parte da natureza humana ou se é mera condição social. Dos filósofos gregos, passando por Maquiavel, Thomas Hobbes, John Locke ou Rousseau, a discussão vai longa e a doutrina divide-se. Mas, seja qual for a explicação subjacente, os factos, esses, são inquestionáveis: a corrupção, maior ou mais pequena, está por todo o lado, e raras são as sociedades ou instituições que lhe ficam imunes. Nos últimos dias, um conjunto de notícias comprovam este facto.
Começamos por um “velho” caso nacional que ontem teve importante desenvolvimento: Manuel Pinho, a sua mulher Alexandra Pinho, e Ricardo Salgado, ex-presidente do Grupo Espírito Santo, estão acusados por corrupção passiva e ativa e branqueamento de capitais e fraude fiscal. Segundo a tese da acusação que consta do despacho agora conhecido, Manuel Pinho, beneficiou os interesses do BES e do GES, tanto enquanto ministro da Economia como enquanto responsável pela candidatura à competição internacional de golf “Ryder Cup”. Em troca dos favores, que vão da aprovação de legislação no âmbito dos PIN à revogação de decisões da Autoridade da Concorrência, passando por outros benefícios ocultos, Ricardo Salgado terá pago uma módica quantia superior a cinco milhões de euros.