A América e o mundo nunca tinham visto um Presidente como Donald Trump… nem um ex-Presidente como Donald Trump, com a sua casa a ser vasculhada por agentes do FBI e ele a remeter-se ao silêncio, em todos os interrogatórios posteriores, invocando a Quinta Emenda, que protege o direito aos cidadãos não se autoincriminarem. O problema é que, à medida que se vão conhecendo as razões para as buscas à sua mansão em Mar-A-Largo, na Florida, mais o seu silêncio é ensurdecedor e comprometedor. Ainda para mais quando, por aquilo que se ficou a conhecer nas últimas horas, os agentes do FBI não andaram à procura de documentos relacionados com qualquer negócio milionário obscuro ou com alguma falha menor nas regras de conduta política. O caso, ao que tudo indica, é muito mais grave.
“Documentos confidenciais relacionados com armas nucleares estavam entre os artigos que os agentes do FBI procuraram durante a busca”, noticiou ontem, em primeira mão, o The Washington Post, citando fontes da investigação. Pouco tempo depois, embora sem se referir a pormenores do caso, o procurador-geral Merrick Garland anunciou, numa declaração pública incomum, que tinha sido ele a autorizar pessoalmente a decisão de pedir autorização judicial para um mandado de busca à casa do ex-Presidente. Garland também anunciou que pediu ao juiz responsável pelo caso para divulgar o teor do mandado de busca, como forma de transparência e para a opinião publica perceber porque é que ele tomou a decisão de avançar com as buscas, depois de, como afirmou, ter “esgotado as outras opções menos intrusivas”.