… E Cavaco voltou a espirrar. O artigo publicado no Observador pelo ex-Presidente da República já leva quase uma semana de discussão e, como sempre, revelou-se bastante indigesto. É no momento em que o PSD vive num limbo – já com um novo líder eleito mas com o antigo ainda, formalmente, em pleno uso de funções -, que Cavaco aproveita para dar a tática. De um lado, a animação nas hostes sociais-democratas e no povo não socialista: com mais um artigo demolidor, Cavaco preenche um vazio e faz oposição. Do outro lado, a tropa de choque do PS (Porfírio Silva, Ascenso Simões e, numa entrevista à TSF, até Ana Catarina Mendes) saltam ao ataque sobre o “azedume” do antigo líder do PSD, primeiro-ministro dez anos, Presidente outros dez, quatro maiorias absolutas – e sem ninguém (pelo menos fora do restrito núcleo mais ferrenho do PSD) que admita ter votado no homem…
O artigo de Cavaco Silva, mais do que falar do passado, dá-nos pistas fundamentais para o que será o debate político no futuro próximo, e é isso que nos interessa nesta newsletter. A “lição de oposição” do professor de Boliqueime, analisada no último podcast da VISÃO “Olho Vivo”, é uma notável peça de filigrana política, que define balizas para o primeiro dia do resto da vida do PSD. Luís Montenegro, eleito na semana passada, tem ali um guião completo, quer no argumentário, quer no estilo, quer na forma, quer no conteúdo. Vejamos, então, muito brevemente, três ou quatro pormenores: