Como tudo muda: há relativamente poucos anos, ainda antes da crise económica-financeira ter virado tanta crença do avesso, chegámos a ter a crença de que o progresso em paz era um processo imparável e inevitável. Foi nos tempos em que se chegou a acreditar que, em termos económicos e de interdependência das cadeias de produção, o mundo era “plano” – como decretou o best-seller de Thomas Friedman, sobre as maravilhas da globalização e das oportunidades que ela criava para o avanço das nações mais pobres. Era um processo que, no final, acabaria por beneficiar toda a Humanidade, já que criaria mais riqueza e alargaria os mercados mundiais. O princípio de Friedman era uma espécie de desenvolvimento do do “fim da História”, anunciado, pouco tempo antes por Francis Fukuyama: a de que o triunfo da democracia liberal era inevitável e ia conduzir o mundo para um patamar de progresso universal.
Na visão de Friedman – que continua a ser um respeitado colunista do New York Times – a globalização iria ser tão poderosa que até acabaria por tornar irrelevantes as divisões históricas e geográficas do planeta. Uma das passagens mais marcantes e influentes do seu livro é aquela em que ele discorre sobre o que ficou conhecido pela Teoria Dell de Prevenção de Conflitos: a hipótese de nenhum país entrar em guerra contra outro, desde que os dois fizessem parte da mesma cadeia de distribuição económica. Ou seja, na sua visão de um mundo cada vez mais interligado e com os países dependentes uns dos outros, as guerras passariam a ser evitadas, já que nenhuma nação queria enfrentar os prejuízos económicos que ela acarrateria.
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