À medida que os dias passam, o suspense é cada vez maior, num crescendo de dúvidas, tensões e emoções. A incerteza é total e, ainda por cima, multiplicada por várias frentes, como se, por estupidez, tivéssemos começado a ver três séries ao mesmo tempo e, agora, alternamos entre os últimos episódios de cada uma, à espera que tudo se resolva em simultâneo. Mas as perguntas não nos largam, à espera das respostas: quem vai ganhar o duelo Costa-Rio? O próximo parlamento vai ter uma maioria de esquerda ou de direita? Qual vai ser o terceiro partido mais votado? Como será a representação parlamentar dos pequenos partidos? Ainda por cima tudo isto ocorre no mesmo momento em que outras perguntas nos assaltam em permanência e quase com a mesma urgência: A Rússia invade ou não a Ucrânia? Boris Johnson fica ou sai da chefia do governo britânico?
A palavra suspense é perfeitamente apropriada para as eleições legislativas com o resultado mais incerto de que há memória, e em que os prognósticos vão mudando quase todos os dias. As sondagens, em especial a Tracking Poll da CNN Portugal, que vai mostrando as tendências de voto com base nas respostas de 150 pessoas de uma amostra de outras 600 (com uma margem de erro superior a 4%), tem aqui um papel principal – muito semelhante aquela técnica a que Alfred Hitchcock (o mestre do suspense, claro!), deu o nome de MacGuffin. O que é isso? Apenas um elemento que se inclui no argumento do filme, sem importância para a história final e até para a audiência, mas que faz desencadear uma série de situações para as personagens principais, sempre num crescendo de tensão. Pode ser um objeto, uma pessoa (que, em alguns casos, nem aparece) ou uma ideia. Não serve para outra coisa que não seja para fazer mover a ação e, pelo meio, criar alguns sobressaltos ao espectador (como o próprio Hitchcock tentou explicar neste vídeo).
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