Numa época em que somos continuamente sobressaltados com novas polémicas, discussões e indignações, por tudo e por nada, raramente conseguimos encontrar tempo para refletir e debater sobre os assuntos que, de facto, são importantes e têm consequência real nas nossas vidas. Por uma razão: quando os temas são demasiado complexos, além de politica e eticamente sensíveis, quase todos preferem evitá-los, com receio das reações contraditórias e penalizadoras que possam surgir. Agora, no meio do caos provocado pelo avanço rápido da variante Ómicron, que está a demonstrar ao mundo que a pandemia da Covid-19 continua longe de estar controlada, com dezenas de países a voltarem a fechar fronteiras e a fazerem regressar medidas mais drásticas de proteção, surgiu, finalmente, a oportunidade de se iniciar o debate sobre um dos assuntos mais prementes em termos de saúde pública, mas que, estranhamente, esteve quase ausente da discussão política nos últimos dois anos: as vacinas devem ser ou não obrigatórias?
O tabu foi quebrado ontem, de forma solene, por Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que não escondeu a sua impotência perante o crescimento de novos casos na Europa, apesar do esforço de vacinação desenvolvido nos últimos doze meses. “Temos as vacinas, elas salvam vidas, mas não estão a ser usadas de forma adequada em todos os locais”, acusou. Depois, fez as contas e lembrou que um terço da população europeia, cerca de 150 milhões de pessoas, continua sem se vacinar, o que tem, nas suas palavras, “um custo enorme para a saúde”. Perante esse cenário, apresentou a sua conclusão: “É necessário debater se a vacina deve ser obrigatória na União Europeia. Este é um tema que precisa de ser discutido, que precisa de uma abordagem comum”.
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